Porque se engorda depois de fazer “dieta”? (2)
Como vai caro leitor?
Voltamos para a parte 2 do artigo Porque se engorda depois de “fazer dieta”.
Caso não tenha lido, fica o link da parte 1.
Depois de explicarmos porque se engorda após a maioria das dietas, voltamos para explicar o que é necessário fazer para emagrecer definitivamente. A resposta é simples:
Não fazer dietas restritivas, mas mudar o estilo de vida!
Sim! É muito mais fácil fazer uma “qualquer” dieta temporária do que mudar definitivamente os nossos hábitos, seja naquilo que for! Somos mesmo “animais de hábitos” e para que mudem é preciso determinação, perseverança, paciência e até alguma capacidade de sofrimento. Ninguém está a dizer que é fácil, mas só assim é possível. Já diz a psicologia que para mudar um comportamento é preciso motivação e tempo para que este se torne um hábito.
Definição de Hábito
Hábito em Psicologia
De facto parece não haver dúvidas: o hábito de determinado comportamento surge da sua repetição. A repetição, por sua vez, exige tempo.
O que nos leva a querer mudar de hábitos alimentares? Normalmente são razões fortes como saúde/doença, desejo de influenciar positivamente a família, melhorar a auto-estima e recuperar a confiança, entre outras. Apesar de existir muita informação, podemos considerar que a maioria das pessoas não distingue o conceito de alimentação saudável, de “dieta”, que são muito diferentes. A adoção de hábitos alimentares mais saudáveis prende-se com questões mais vastas do que a restrição de “doces/salgados/…”, tais como a escolha dos alimentos, a sua origem, modo de produção/ confeção, a sua conjugação e fracionamento ao longo do dia. Na sua maioria as “dietas de emagrecimento” não valorizam estas questões, baseando-se na restrição de determinado grupo de alimentos/ nutriente e na promoção de outros, mesmo que pouco saudáveis (ex. salsichas, fiambre, refrigerantes de cola…). O objetivo da reeducação alimentar é justamente promover o emagrecimento através de um conjunto de “premissas” que possa manter para vida e não apenas enquanto está a emagrecer. Só assim será definitivo. É óbvio que com menor restrição, a perda de peso é mais lenta, mas é justamente isso que se pretende: promover um emagrecimento gradual, no fundo deixando o “corpo a ir ao sítio”, através de estímulos saudáveis (descanso, alimentação e exercício).
Valorize este diagrama se pretende, definitivamente, emagrecer.
É natural que pergunte onde fica “aquele doce” que tanto gosta nesta história da alimentação saudável? Será que nunca mais vai comer ou beber aquilo de que tanto gosta? Claro que vai! Durante a fase de emagrecimento é essencial aprender a introduzir estes “prazeres” no seu dia-a-dia, de uma forma controlada e que não afete a sua saúde. Este conceito é conhecido pelo termo inglês “cheat meal“. Leia o nosso artigo “Dia livre” Sim ou Não? Não é preciso “programar”. Introduza estas refeições em momentos sociais, como um jantar com amigos, um gelado com o seu filho, o aniversário de um colega… permita-se desfrutar do que gosta com os outros, em vez de o fazer sozinho, para se “presentear”. Recompense-se sempre de outras formas que não com comida: vá às compras, faça uma massagem, um passeio, tire um momento para descansar e relaxar.
Sugerimos os artigos:
Como compensar “uma festa” e 13 medidas para mudar a sua vida
Esta questão do relaxamento e do descanso são essenciais ao sucesso de qualquer mudança de hábitos. O stress, o nervosismo, o cansaço funcionam contra nós física e psicologicamente: leia Stress & Açúcar. Se não estiver “bem consigo” dificilmente terá a perseverança necessária a um processo de mudança, que pressupõe sempre “altos e baixos”.
Sugerimos também Por favor, não faça DIETA!
Mas como faço isso? como mudo o meu estilo de vida?
Primeiro que tudo tem de decidir se o vai fazer sozinho, ou com o acompanhamento de um profissional de saúde:
Quando perde peso sozinho acaba por fazer restrições exageradas e em alimentos errados, o que resulta numa desnutrição (perda de massa muscular) e não num emagrecimento (perda de massa gorda). Por outra lado, perde-se a vertente educativa!
Veja esta lista de vantagens que o devem levar a preferir perder peso acompanhado por um profissional:
- Suporte psicológico e motivacional;
- personalização do plano alimentar;
- adequação do plano alimentar ao longo do tempo;
- educação alimentar e nutricional;
- gestão do comportamento alimentar;
- aprendizagem de estratégias de gestão de erros alimentares;
- acompanhamento e orientação ao longo do processo de manutenção.
Para tomar a sua decisão leia o artigo: Emagrecer: sozinho ou acompanhado?
Para além das consultas de nutrição, existem outras formas de perder peso, que podem até funcionar em conjunto. São exemplos:
- prática de actividade física,
- toma de suplementos alimentares ou medicamentos,
- utilização de substitutos de refeição,
- acompanhamento psicológico,
- tratamentos estéticos, etc.
Também nestes casos é necessária a orientação de um profissional que conheça e acompanhe o seu estado de saúde como “um todo” e o ajude a avaliar quais as melhores opções.
Não tome estas decisões sem, pelo menos, se aconselhar com o seu médico ou nutricionista, pois podem acarretar malefícios ou serem apenas um investimento desnecessário.
É fundamental ter o apoio da sua família, amigos e colegas; tente gerir esta situação o melhor possível para que depois não seja um entrave ao sucesso.
Explique as suas motivações e envolva a família nesta mudança de estilo de vida.
É importante fazer contas!
Saiba exatamente o que vai pagar (entre consultas, suplementos, tratamentos estéticos) para depois não ser surpreendido e obrigado a desistir por razões económicas.
Sim, tem de pensar nisto! Se for demasiado longe pode constituir um forte fator de desmotivação!
Sabemos que a periodicidade do acompanhamento é essencial ao sucesso. Se pela distância tiver de espaçar as consultas, ou falte com frequência, saiba que esses são preditores de fracasso e desistência.
Leia o nosso artigo: Acompanhamento semanal, porquê?
Valorize a relação com o profissional de saúde que deve ser de confiança, partilha, respeito e mútua responsabilização, não devendo ser confundida com uma relação pessoal.
Leia o nosso artigo: Como está a nossa relação?
Em conclusão
Parece mais um artigo cheio de banalidades, talvez seja, mas há que interiorizá-las. Faça-o por si, pelos que o rodeiam e lembre-se: normalmente o nosso pior inimigo, somos nós. Ultrapasse-se! Transforme-se naquilo que quer ser.