Qualidade Nutricional – como avaliar?
Como vai caro leitor?
O poder da nutrição é conhecido pelos povos desde a antiguidade. Já há 2500 anos, Hipócrates (considerado o pai da medicina ocidental) afirmava que somos o reflexo dos alimentos que ingerimos, acrescentando ainda...“que o alimento seja o teu medicamento"
De facto, ainda hoje a sabedoria popular indica diversos alimentos para o tratamento de doenças e manutenção da saúde. Algumas dessas crenças são mitos, outras são verdade:
«Nem amigo reconciliado, nem comer duas vezes guisado»
«Batata e pão, junto dão má digestão»
«Água fria e pão quente, nunca fizeram bom ventre»
«Anda quente, come pouco, bebe assaz e viverás»
«Quem come salgado, bebe dobrado»
«Não se vive para comer mas come-se para viver»
«O tomate é meio cozinheiro»
«Quem come e não conta, errada lhe vai a conta»
Atualmente, devido à massificação da produção alimentar, dá-se cada vez mais valor ao “poder” individual dos alimentos, desencadeando tendências como a dos “superalimentos”.
Contudo, sabe-se que na variedade é que está o ganho e não no consumo em quantidade, independentemente da “ propriedade benéfica” do alimento em questão. Variar os alimentos é uma forma de obter benefícios nutricionais diversos e de evitar a bio-acumulação de contaminantes no nosso organismo. Isto é, os alimentos estão cada vez mais “contaminados” com aditivos, sejam os vegetais com pesticidas, herbicidas, corantes, conservantes… sejam os animais e seus derivados com hormonas, antibióticos e outros fármacos. Se consumirmos “muito” de um determinado alimento podemos acumular estes tóxicos durante anos no nosso corpo, provocando disfunções e até doenças.
Portanto, existem duas opões:
Ou optamos por uma maior variedade de alimentos, o menos processados e aditivados possível ou optamos por adquirir alimentos biológicos, produzindo-os nós mesmos ou comprando-os em praças e produtores locais. A última medida só tem benefícios, pois para além de serem alimentos muito mais ricos e saudáveis, se os produzirmos poupamos bastante dinheiro e se os comprarmos ajudamos a economia local.
Uma forma fácil de avaliar a qualidade nutricional de um alimento ou produto alimentar é pôr em prática a seguinte máxima:
“Comprar apenas o que vem da terra ou que tenha mãe”.
Isso mesmo! Quer dizer que, antes de comprar, reflita se esse alimento já foi excessivamente transformado e aditivado, ou se até é resultado de um imenso conjunto de alimentos, eles próprios já transformados.
Um exemplo clássico: Bolachas!
Nem nascem da terra nem têm mãe. Correto?
Aliás, são um conjunto de géneros alimentícios já processado e aditivos:
- farinha refinada, gordura vegetal, açúcar refinado, mel, sal, chocolate, conservantes e aditivos vários.
Por mais “integrais” que se anunciem, têm no máximo 50% de farinha integral e o resto continua a ser açúcar, gordura e aditivos.
Então qual a vantagem de comer bolachas?
Um alimento que em uma unidade de 5 gramas tem no mínimo 30 calorias?
Temos de refletir. Se queremos (e devemos) consumir farinha integral não será melhor consumir pão integral? Cujos únicos constituintes são farinha integral, sal (o mínimo possível) e fermento. Claro que sim! Este é apenas um exemplo, faça o mesmo exercício para alimentos que costume consumir para perceber se deve continuar a fazê-lo.
Ler a lista de ingredientes
Outra maneira prática e eficaz de distinguir os “bons” dos “maus” alimentos é ler a lista de ingredientes.
Se nem sequer existe, esses são os melhores!
Ou seja, são alimentos naturais (os tais que vêm da terra ou têm mãe) cujo único ingrediente é o próprio alimento. Por não serem transformados são rapidamente perecíveis e devem ser consumidos o mais cedo possível por irem perdendo as suas propriedades nutricionais. É o caso da fruta, dos vegetais, da carne, dos ovos e do pescado frescos.
Por sua vez, os que têm lista de ingredientes já passaram por algum tipo de processamento. Assim, deve privilegiar os que têm listas mais curtas (com 5 ou menos ingredientes) e que incluam menos “E” (símbolo de aditivos na União Europeia). Se pegar num alimento que tenha uma extensa lista de ingredientes já sabe que esse é para voltar à prateleira.
Além disso, note que existem imensos nomes para designar “gordura” e “açúcar”, que podem passar despercebidos. Eis alguns sinónimos:
Gordura
Gordura ou óleo vegetal, óleo parcialmente hidrogenado (palma, milho, soja), gorduras trans ou interesterificadas, manteiga, margarina, pasta de cacau, lecitina de soja, gema de ovo, etc.
Açúcar
Açúcar de beterraba, açúcar amarelo, adoçante de milho, xarope de milho, dextrose, sumo de cana-de-açúcar evaporado, frutose, concentrado de sumos de fruta, galactose, glucose, açúcar de uva, xarope de milho rico em frutose, mel, xarope invertido de milho, maltose, açúcar invertido, xarope de malte, xarope de seiva, melaço, açúcar em bruto, sucrose, lactose, etc. Ou seja, se acabar em “ose”, tiver o nome “xarope” ou “açúcar” é porque deve evitar.
Leia: 10 alimentos com açúcar escondido!
Todas estas são formas de gordura e açúcar que diminuem a qualidade nutricional do alimento
Em conclusão…
Estes são alguns alertas para que escolha bem o que “quer comer” e por isso o que “quer ser”.
Num mundo cada vez mais massificado e capitalista devemos manter as raízes da alimentação mediterrânea, comprovadamente saborosa e saudável. Desfrute-a! Até breve.