Cuidado com estes 10 alimentos!

Como vai caro leitor?

Hoje o artigo é sobre alimentos que são potencialmente perigosos para a saúde e que passam muitas vezes por “saudáveis” ou inofensivos.
Quando pensamos em alimentos que fazem mal à saúde de imediato nos lembramos de fritos, salgados, bolos e doces no geral. Contudo, existem alimentos que passam despercebidos e deveriam ser incluídos nesta lista, ou por terem pouco valor nutricional ou por terem substâncias que em excesso são potencialmente nocivas. Vamos ver alguns exemplos:

 

1. Bolachas

Se é seguidor do blogue já deve saber qual a nossa posição em relação às bolachas.

Leia BOLACHAS – Amigas ou Inimigas?

Não é por acaso que as palavras “bolo” e “bolacha” são da mesma família. Para além de terem as três primeiras letras em comum, têm também a base dos seus ingredientes: farinha, fermento, gordura vegetal e açúcar.

Por exemplo, uma bolacha Maria tem farinha de trigo refinada, margarina, açúcar, sal, fermento e aditivos vastos. Pesa 5g e tem 22kcal; 0,4g proteína; 0,6g gordura; 3,6g hidratos de carbono; 1g açúcar;0,1g fibra. Em termos de vitaminas e minerais, são quase inexistentes. E o seu índice glicémico (velocidade de digestão e absorção do açúcar para o sangue) é elevado! Então qual é a vantagem para a saúde de comer bolachas? Mesmo as mais simples, como as Maria? Na nossa opinião, enquanto nutricionistas, nenhuma.
Em vez de bolachas devemos preferir fontes de cereais de lenta absorção como o pão e os muesli sem açúcar.


2. Barras de cereais
Barritas de cereais… o nome quase nos parece sinónimo de saúde. Mas não é bem assim!
De facto as barras de cereais são uma mistura de cereais mais ou menos integrais com xarope de açúcar.
Por exemplo, uma barra de cereais de frutos vermelhos cuja marca está associada à “perda de peso” apresentada por barra (23g): 92kcal; 6,1g de açúcar; apenas 1 grama de fibra; 1,7g de gorduras! Ou seja em 23g (peso da barrita), 8g (1/3) são nutrientes que prejudicam a nossa saúde.
Já leu a lista de ingredientes de uma barrita de cereais? Vem numas letras minúsculas e é qualquer coisa assustadora como isto:

«ingredientes de barra de cereais light com morango e chocolate:

Glicose – Flocos multicereais – Farinha de Arroz – Milho – Farinha de trigo com ferro e ácido fólico – Cevada – Aveia – Açúcar – Maltodextrina – Extrato de malte – Sal cloreto de sódio – Gordura de palma – Corante Carmin – Corante Urucum – Carbonato de cálcio – Estabilizante fosfato dissódico – Chocolate ao leite – Gordura vegetal – Cacau em pó – Soro de leite parcialmente desmineralizado – Leite em pó integral – Massa de cacau – Leite em pó desnatado – Lecitina de soja 322 – Ácido Ricinoléico – Poliglicerol – Aromatizante – Açúcar Invertido – Morango – Cassis – Cenoura – Óleo de milho – Corante Betacaroteno – Glúten – Traços de castanha do pará – Traços de castanha de cajú – Traços de amêndoas»

Como é que se junta tanta coisa em 20g? A maior parte são aditivos alimentares (E’s). Lembre-se que a lista de ingredientes aparece sempre organizada do em maior quantidade, para o menor. Qual é o primeiro ingrediente? Glicose, que é um tipo de açúcar.
Conclusão, estas são também um alimento a evitar, sendo iguais ou piores para a saúde do que as bolachas.
Fizemos uma revisão das marcas mais saudáveis do mercado e ainda sugerimos algumas receitas no artigo Receita da Semana – Barras caseiras


3. Flocos de pequeno-almoço
Existem várias marcas de flocos que anunciam ajudar a controlar ou perder peso, perder barriga, etc.
Vamos analisar a composição nutricional de uma conhecida marca:

  • Porção recomendada 30g (pouco mais do que uma barrita) – 155kcal; 7g proteína; 11g de açúcar; 0,5g de gordura; 1,8g de fibra.

Mais uma vez temos um produto onde 1/3 dos nutrientes são nocivos à saúde. O problema é que, sendo realista, ninguém fica saciado apenas com 30g de cereais. E como nos “dizem” que ajuda a perder a barriga, até achamos que podemos comer à vontade.
Ou seja, também este é um produto de baixo valor nutricional, de alta densidade energética e de rápida digestão e absorção.

Como alternativas temos os grãos de cereais puros ou tostados, como a aveia, o trigo, o centeio, a cevada, etc. Pode cozê-los em água e casca de limão (cerca de 30g em cru), adicionando no fim, canela e sementes inteiras ou nozes, são uma delicia. Existem ainda os mueslis sem adição de açúcar e os flocos puff. Saiba tudo no artigo Receita da Semana – Muesli e Granola


4. Chá verde

O chá verde suscita opiniões diversas no público e mesmo na ciência. Devido às suas propriedades estimulantes tem sido publicitado como uma ajuda ao emagrecimento. Em oposição, já existem diversas correntes “healthy” totalmente anti-chá verde! Em que é que ficamos?É inegável que o chá verde contém catequinas com um forte potencial antioxidante. Contudo, estas são substâncias da família da cafeína, tendo em comum os mesmos efeitos secundários, como:

Taquicardia, insónia, ansiedade, irritação da mucosa gástrica, pode interagir com medicamentos, causar hipertensão e provocar retenção de líquidos.

Se o chá verde emagrecesse, assim como o café, não haveria tanta obesidade no mundo. A única propriedade cientificamente comprovada do chá verde é a sua capacidade antioxidante, principalmente a nível da proteção cardiovascular.
De facto o chá verde aumenta o ritmo cardíaco e pode-se considerar um termogénico (substância que aumenta o gasto energético celular). Contudo, este aumento é residual e não observado em todas as pessoas, com a mesma dose de chá.

Em conclusão, prefira a água pura ao longo do dia e beba chás estimulantes com moderação.

Saiba mais em Chá ou Infusão?


5. Frutos oleaginosos

Os frutos secos e oleaginosos, dos quais são exemplos a noz, caju, amêndoa, pinhão, avelã, entre outros, são considerados saudáveis. E são-no de facto. A questão é que rapidamente se tornam “menos saudáveis” quando ingeridos em excesso. Considera-se que um adulto possa comer até 30g destes frutos/ dia.
Estes são ricos em gorduras insaturadas que protegem o coração, ajudando a regular os níveis de colesterol e a glicémia, entre outros benefícios.
Então qual é o problema? é que estes são compostos por cerca de 70% de gordura, o que lhes atribui cerca de 700kcal/100g. Ou seja, é fácil distrair-se e consumir demasiadas calorias e gordura num dado momento, passando assim ao efeito oposto. Em excesso a gordura é transformada em “gordura humana” e armazenada, para além de estimular a produção de colesterol. Veja o artigo completo sobre oleaginosas.
Por outro lado, existe mais uma questão a salientar: quando são tostados, as suas gorduras alteram-se e oxida-se a vitamina E, perdendo-se o efeito positivo para a saúde. A mesma coisa quando as amêndoas são descascadas, perde-se a fibra e diversos micronutrientes. Já para não falar dos fritos, com piri-piri, etc..


6. Sumos de Fruta

Mesmo que seja um sumo natural de fruta, este não é assim tão saudável como pensamos. E porquê?
Quando fazemos um sumo estamos a escorrer a água, na qual está dissolvido o açúcar e poucas vitaminas. Ou seja, a fibra e a maior parte dos micronutrientes são perdidos. Para além disso, com o processo de extração do sumo, a maior parte da vitaminas e minerais antioxidantes perdem-se, pelo efeito da luz, do corte ou da temperatura. Resultado: Está a beber quase água com açúcar.
Os sumos são uma bebida de rápida absorção e que em nada beneficiam a nossa saúde. Se gostar de alimentos líquidos, prefira um batido, onde se usa a fruta inteira, misturando de preferência com vegetais. Veja este artigo: Saciedade & Mastigação (batidos detox).


7. Iogurtes

Fomos habituados a pensar que os iogurtes são alimentos saudáveis e pouco calóricos, sendo ótimos substitutos do leite. Mas, será que é mesmo assim? A resposta é depende.
Existem milhares de tipos de iogurte, tendo como ingredientes base o leite e os fermentos lácteos. Porém, a estes, são adicionados outros ingredientes que tornam alguns iogurtes autênticas “bombas calóricas”.
Por exemplo o famoso e saboroso iogurte grego. Tem entre 150 e 180 kcal/100g, das quais 15% são açúcar e 10% são gordura. Já imaginou consumir 2 “pacotinhos” de açúcar do café num único iogurte?
É muito importante que saiba escolher iogurtes sem açúcar adicionado, com pouca gordura e poucos aditivos adoçantes. Para saber mais sobre este assunto veja o artigo Os iogurtes são todos iguais?
Também o consumo de leite tem levantado controvérsia. Pare ler sobre o assunto veja o artigo Leite de vaca – controvérsias


8. Carne e peixe

Fazem parte da pirâmide alimentar, mas devem ser consumidos com moderação. A Organização Mundial de Saúde recomenda que um adulto saudável ingira 0,8g de proteína/kg de peso. Ou seja um homem adulto com 70kg deveria comer  56g de proteína por dia. Porém, estima-se que o consumo real de proteína ronde os 2g/kg de peso.

A proteína é um nutriente essencial à vida, principalmente à construção dos tecidos e renovação celular. Contudo, em excesso, causa um ambiente acidificante no nosso organismo, que predispõe a diversas doenças. Leia este artigo da Sapo Saúde.
Ainda assim, as proteínas raramente estão sozinhas nos alimentos, associando-se maioritariamente a gorduras. No caso dos peixes gorduras saudáveis (polinsaturadas) e no caso das carnes gorduras más (saturadas). Leia Os segredos das gorduras alimentares. 
No caso das carnes as mais saudáveis são de facto as de aves e de coelho. Já a carne de vaca e de porco são ricas em gordura saturada e homocisteína (substância pró-cancerígena e que promove as doenças cardiovasculares).
Para os peixes devemos ter o cuidado de escolher peixe de mar ou de rio e evitar o de aquacultura. Não obstante, devemos comer peixe gordo no máximo 3 vezes por semana, para diminuir a exposição a metais pesados (ex. chumbo, mercúrio).
Ao contrário do que se possa pensar, o ovo é uma ótima e saudável fonte de proteína. Saiba tudo em  Receita da Semana – Ovo


9. Vegetais e produtos hortícolas
Neste caso é difícil dizer que os vegetais prejudicam a saúde, mesmo em excesso. A não ser que haja uma intolerância específica ou doença intestinal (ex. colite). Então qual o perigo destes alimentos tão ricos em água, fibra, vitaminas e minerais?
Resposta: A contaminação por xenobióticos e agrotóxicos. Com a massificação da produção, tem-se aumentado o uso de produtos químicos de variável toxicidade. Um dos principais perigos, que se discute amplamente na Europa, é o uso de Glifosato, um conhecido herbicida, que se infiltra nos solos e assim é absorvido pelas plantas. Leia Glifosato: O herbicida que contamina Portugal.
E qual o perigo para a saúde das mesmas? São vários. Desde desmineralização óssea, pró-cancerígenos, hiperatividade, alterações hormonais variadas, etc.
O conselho é: como nem todos podemos ter a nossa horta (use a sua varanda!), procure feiras, vendedores locais, mercados pequenos e lojas de produtos biológicos. E não compre pelo aspeto! Os maiores e com melhor aspeto são sempre os mais tóxicos.


 10. Produtos de soja ou vegetarianos
Ser “de soja” ou “vegetariano” não é sinónimo de saudável.

Os produtos de soja têm apenas uma origem vegetal, contendo menos gorduras saturadas e mais insaturadas. Isso não significa que não tenham açúcar adicionado e bastante gordura. Por exemplo, a maioria dos iogurtes de soja têm cerca de 15g de açúcar/ 100g! Relembre o artigo sobre iogurtes.
O mesmo se passa com as margarinas. O facto de ser vegetal, não significa que tenha menos calorias do que uma manteiga, apenas tem uma origem diferente. Muitas vezes as margarinas são mais calóricas e têm gorduras de pior qualidade para a saúde (as gorduras trans). Para conhecer melhor as diferenças entre os cremes para barrar vegetais e animais, leia este artigo: Manteigas, Margarinas & Alternativas.

Convém ainda referir que a soja é desaconselhada em alguns casos como cancros hormono-dependentes e doenças da tiróide.


Em conclusão…
Seja crítico e leia sempre o rótulo. Principalmente a lista de ingredientes, se esta for muito extensa e tiver muitos E’s, então esse é um alimento a evitar. Mais! Se tiver oportunidade compare as informações nutricionais de vários produtos para fazer sempre a melhor escolha para a sua saúde. Sobretudo não acredite em tudo o que a publicidade lhe transmite! Num mundo em que nem tudo é o que parece, até os alimentos, mantenha o seu sentido crítico apurado. Se desconfia de determinado alimento, pergunte ao seu nutricionista.