Gorduras saudáveis ou não?

Como vai caro leitor?

Hoje vamos falar sobre um assunto muito importante e que a muitos é estranho. Sabia que as gorduras podem ajudar a emagrecer (gastar gordura)?

Relembramos o artigo 

Tudo o que deve saber sobre Gorduras.

Sabe-se que 1 grama de gordura alimentar fornece 9kcal, ou seja, é o nutriente mais calórico. Por essa razão, durante muitos anos as dietas de emagrecimento basearam-se nesse conceito, restringindo bastante os lípidos. Como qualquer outra “dieta” restritiva revelou-se falível a longo prazo. Relembre os artigos:

Abordagens nutricionais para emagrecimento – parte 1

Abordagens nutricionais para emagrecimento – parte 2

Como podemos ver no gráfico anterior, aos 6 meses foi a “dieta com restrição energética severa” que teve melhores resultados de perda de peso. Contudo, veja o que aconteceu aos 12 meses e depois aos 36 meses, uma recuperação de mais de metade do peso perdido. Pode ainda verificar que são as linhas “Apenas dieta”, “Dieta+exercício” e “Orlistato” (medicamento)  que obtiveram resultados mais estáveis ao fim de 2 anos. Isto vem mais uma vez apoiar a ideia de quanto mais severa é a restrição, menor a probabilidade de sucesso a longo prazo. É necessária uma verdadeira mudança do estilo de vida incluindo alimentação equilibrada, exercício e equilíbrio mental.

Assim, ao fim de alguns anos, assumiu-se que restringir as gorduras da alimentação não seria a melhor solução, passando-se à restrição de glícidos ou hidratos de carbono (açúcar).

Recomendamos o artigo 

Não deve “cortar” nos hidratos de carbono.

Hoje sabe-se que é o (des)equilíbrio metabólico/hormonal que gere a gordura corporal. Caso o seu corpo não tenha esse equilíbrio, por exemplo devido a inúmeras dietas restritivas, poderá ter sucesso temporário, mas não passará disso.

Muitas das hormonas que controlam o peso são de origem lipídica, isto é, derivam da gordura, são exemplos, os estrogénios, as prostaglandinas, a progesterona, a testosterona, o cortisol e a aldosterona. Como pode imaginar, a quantidade e qualidade das gorduras alimentares que ingere irão influenciar estas hormonas, tal como a composição corporal.

Assim sendo, se restringir as gorduras da alimentação ou não consumir gorduras saudáveis, então estará a pôr em causa o seu equilíbrio hormonal e, em último caso, a sua saúde. Vamos então conhecer as gorduras saudáveis que deve consumir, gorduras estas que melhoram o seu perfil hormonal e ajudam a emagrecer (a ser mais fértil, a ser mais saudável):

Mais do que saudáveis, são essenciais à nossa saúde. Sendo gorduras polinsaturadas, as da família ómega-3 têm um papel especialmente importante agindo como antinflamatórias, modeladores hormonais e imunitários, reguladores da pressão arterial e até da coagulação sanguínea.

Dependendo da faixa etária, as recomendações variam bastante, ou mesmo de acordo com o estado de saúde, grau de stress (ex. desportistas).

Elencamos de seguida um quadro com as necessidades nutricionais e as principais fontes alimentares:

Recomendação omega 3

Alimento  Porção   (g) Quantidade ómega-3 (g) Energia(kcal)
Sardinha 100 3,3 124
Arenque 100 1,6 230
Salmão 100 1,4 211
Atum 100 0,5 146
Sementes de chia 28 5,06 127
Sementes de linhaça 20 1,6 103
Nozes 28 2,6 198

As gordura do tipo ómega-6 são também polinsaturadas. Contudo, em excesso podem ser pró-inflamatórias, combatendo o efeito das ómega-3. Assim há que equilibrar a relação do consumo entre as duas. As principais fontes de ómega-6 são as gorduras vegetais:

Alimento/Porção Quantidade ómega 6 Alimento/ Porção Quantidade ómega 6
28 g de nozes 10,8 g 15 mL de óleo de canola 2,8 g
Sementes de girassol 9,3 g 28 g de avelã 2,4 g
15 ml de óleo de girassol 8,9 g 28 g de caju 2,2 g
15 ml de óleo de soja 6,9 g 15ml de óleo de linhaça 2 g
28 g de amendoim 4,4 g 28g de sementes de chia 1,6 g

As ómega-9 são precursoras das ómega-6. As suas principais fontes são o abacate, o óleo de canola, as azeitonas, o azeite e as oleaginosas.

Oleaginosas são ricas em ómegas 6 e 9

Óleo de coco, fonte de gordura saturadaEmbora alguns estudos demonstrassem que dietas ricas em gordura saturada, com baixo consumo de ómega-3,  aumentassem o colesterol, elevando o risco de doença cardiovascular, não se provava o aumento do risco de morte prematura associada apenas ao aumento de gorduras saturadas.

Ao longo dos últimos anos, novos dados revelaram que as gorduras saturadas não estão associadas a doença cardiovascular, tendo outros fatores adversos sido negligenciados (fonte).

Lácteos, fontes de gordura saturadaVárias análises recentes indicam que as gorduras saturadas, particularmente em produtos lácteos e óleo de coco, podem melhorar a saúde. Ao contrário, a evidência de que as gorduras ómega-6 promovem a inflamação e aumentam o risco de várias doenças tem sido reforçada. Sendo que as ómega-3 parecem combater esses efeitos adversos.

Nas últimas décadas, a substituição das gorduras saturadas por hidratos de carbono, especialmente açúcares, result ou no aumento da obesidade mundial e nas suas principais complicações. De facto, o esforço para controlar o colesterol sanguíneo, através da alimentação parece ter feito esquecer outros fatores de risco cardiovascular, como o aumento do consumo de açucares.Ovo, fonte de gordura saturada

As gorduras saturadas apenas parecem ter um efeito cardiovascular adverso quando conjugadas com outros fatores de risco (sendentarismo, tabagismo, baixo consumo de ómega-3, obesidade).

Relação ómega-6/ómega-3

 A relação entre o consumo das gorduras ómega-6/ómega-3 deve ser de 5:1 e em algumas doenças inflamatórias de 3:1 (como artrite reumatóide). Porém, atualmente, devido ao baixo consumo de fontes alimentares de ómega-3 por parte da população, sabemos que esta relação pode ser de 20:1.

A Culpada!

 Esta desproporção torna o organismo vulnerável a doenças inflamatórias e cardíacas, obesidade, insulino-resistência e a diversos cancros.
Fonte

Em conclusão

Desta forma, percebemos o impacto que as gorduras têm na nossa saúde e também no emagrecimento.

Se quer ser mais saudável e perder peso, enriqueça a sua alimentação em fontes de ómega-3, para contrabalançar as gorduras ómega-6 e saturadas. Como pode fazer isso? Eis algumas sugestões práticas:

  • Reduza o consumo de carne, em especial vermelha, para no máximo 3 vezes por semana;
  • Aumente o consumo de peixe para 7 vezes por semana, e deste consuma peixe gordo 3 vezes por semana;
  • Substitua a carne vermelha por ovo, em média 1 ovo inteiro por dia;
  • Retire os óleos refinados da sua alimentação, substitua por óleo de coco, azeite virgem ou óleo de linhaça.
  • Retire as margarinas e substitua por manteiga magra, creme de queijo fresco para barrar ou abacate;
  • Introduza 2 colheres de sopa de chia por dia, na sua alimentação.
  • Restrinja os alimentos com gorduras trans, ou seja, modificadas. Confira na informação nutricional se o produto que vai comprar as contém sempre em quantidade inferior a 0,2g/100g. As suas principais fontes são os alimentos processados como bolos, bolachas, aperitivos e snacks.