Tratar a Obstipação
FEVEREIRO #mesdaimunidade
Como vai caro leitor?
Hoje voltamos a mais um artigo sobre o intestino, um órgão cuja importância tem sido reconhecida nos últimos anos. Apelidou-se até de “2º cérebro”, por se conhecer a sua capacidade de influenciar vários sistemas, como a produção de hormonas e a modelação do sistema imunitário.
Comece por assistir a esta curta reportagem RTP de julho 2017:
Definição de prisão de ventre ou obstipação
O funcionamento do intestino varia muito não só de pessoa para pessoa, mas também num mesmo indivíduo em diferentes momentos. Pode ser afetado pela alimentação, pelo stress, pelos fármacos, pelas doenças e até pelos padrões sociais e culturais. Na maioria das sociedades ocidentais, o número normal de evacuações varia entre duas e três por semana até duas a três por dia. As alterações na frequência, consistência ou volume das evacuações ou a presença de sangue, muco, pus ou um excesso de gordura nas fezes podem indicar uma doença.
Considera-se como obstipação a ocorrência de evacuações incómodas ou pouco frequentes.
Uma pessoa com prisão de ventre produz fezes duras que podem ser difíceis de expulsar. Também pode ter a sensação de que o reto não fica totalmente vazio. A prisão de ventre aguda começa de forma repentina e a pessoa dá-se claramente conta disso. A crónica, por outro lado, pode começar de forma subtil e persistir durante meses ou anos, por forma a que a pessoa “aprenda a viver com isso”, sem ter queixas.
Muitas vezes a causa da prisão de ventre aguda não é mais do que uma alteração recente na alimentação ou uma redução na atividade física (por exemplo, quando uma pessoa fica acamada durante 1 ou 2 dias por estar doente).
Muitos fármacos, por exemplo o hidróxido de alumínio (princípio ativo comum dos antiácidos de venda livre), os sais de bismuto, os sais de ferro, os anticolinérgicos, os anti-hipertensores, os opiáceos e muitos tranquilizantes e sedativos, podem provocar prisão de ventre.
Escala de Bristol
A Escala de Bristol é uma ferramenta criada por um grupo de investigação da universidade de Bristol, em 1997. Tem como propósito monitorizaras alterações da função intestinal, classificando as fezes em categorias numeradas de acordo com aspetos qualitativos/observacionais. Os tipos 1 e 2 correspondem a Obstipação leve ou grave, sendo este um melhor preditor de saúde do que a frequência da evacuação!
Obstipação Psicogénica - um problema comum
A obstipação de origem psicológica é muito comum, dá-se quando pensa que por não ter evacuado hoje então está obstipado! Não é assim! É normal haver alterações transitórias da frequência de evacuação e consistência das fezes. Depende de fatores tão comuns como o stress, o estado emocional, a alimentação, a ingestão de água, a (in)atividade, a toma transitória de medicação, etc. Tais conceitos errados acerca da prisão de ventre podem conduzir a um tratamento excessivo, sobretudo no que se refere ao uso prolongado de laxativos estimulantes, supositórios irritantes e clisteres. Este tratamento pode danificar gravemente o intestino grosso ou induzir dependência. Evite o uso indiscriminado de laxativos.
Tratamento nutricional da obstipação
Inicialmente é essencial que se detete a génese e/ou causa da obstipação. Por exemplo, um dos primeiro passos consiste na restrição total da lactose (veja o artigo sobre intolerância à lactose) e do glúten, dois dos agressores principais do intestino, durante pelo menos 7 dias.
Após esse período faz-se a re-introdução a fim de comparar os sintomas “Com e Sem”. Caso haja melhoria significativa da evacuação, dos gases, da distensão abdominal e até da retenção de líquidos, então procede-se ao teste sanguíneo para confirmação do resultado.
Para além disso é essencial que se faça a correção dos hábitos alimentares, privilegiando o equilíbrio entre os vários tipos de fibras (veja o artigo Fibras & Obstipação), o fracionamento das refeições ao longo do dia, o consumo adequado de água e a restrição de açúcares, picantes, gorduras, álcool, ácidos e fermentos. Também o exercício tem um papel fundamental no tratamento da obstipação, já que o intestino depende de movimentos para formar e expulsar o bolo fecal.
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Melhora a motilidade (movimentos ritmados), estimulando a “chamada” de sangue ao intestino.
As sementes alimentares como a chia e a linhaça são ricas em fibras solúveis, hidratáveis, que formam gel e assim humedecem o bolo alimentar favorecendo a sua passagem no tubo digestivo. Insira-as em refeições com abundância de água, como sopa, batidos ou iogurte líquido.
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As sementes alimentares
A ingestão de líquidos distribuídos ao longo do dia é essencial para humedecer o bolo alimentar e evitar a excessiva reabsorção de água das fezes, ao nível do cólon.
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Além disso, deve limitar o consumo de bebidas alcoólicas e gaseificadas que relaxam a musculatura intestinal e diminuem os seus movimentos naturais!
Além de os consumir, deve diversificar a sua variedade e forma de apresentação (crus, cozinhados ou em sopa).
Os vegetais apresentam diferentes tipos de fibras (solúveis e insolúveis), todos elas essenciais à formação de um bolo alimentar hidratado e moldado.
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Tudo sobre Vegetais
À semelhança dos vegetais, as frutas contêm uma diversidades de fibras, mas também água, além de magnésio, potássio e outros nutrientes essenciais à formação do bolo alimentar e sua correta passagem através dele!
Devemos diversificar a fruta, adequando à época/estação, assim como a forma de apresentação: crua, cozinhada, em batido ou seca!
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Cozer 2 ameixas secas em 200ml de água, durante 10minutos. Consumir ao deitar.
A lactose é o açúcar natural do leite. Dependendo da “parte” que é usada para a produção dos derivados e do seu grau de fermentação (iogurte, kefir, queijo branco, queijo curado), a quantidade de lactose e tolerância ao alimentos pode variar!
Pode ter de substituir todos os lácteos da sua dieta por alternativas vegetais ou sem lactose, ou tolerar alguns deles, como o iogurte natural sólido e o queijo curado.
Os lácteos são fontes privilegiadas de cálcio, pelo que deve procurar um nutricionista para determinar quais as melhores alternativas na sua alimentação, antes de os restringir!
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Os cereais integrais contêm tanto fibras solúveis no seu endosperma (interior), como fibras insolúveis no seu exosperma (casca). Juntas no mesmo alimento são ideais para a formação de um bolo alimentar fluido e moldado.
Nas dietas low-carb em que se restringem os cereais e se comem vegetais em abundância, um dos sintomas mais comuns é a obstipação! Justamente porque as fezes retêm pouca água e passam a ser pequenas e densas, tipo “palha”.
Assim, deve sempre escolher cereais completos ou integrais, comendo-os em pequenas quantidades ao longo do dia. Já que se comer muito, de uma só vez, podem ser fermentáveis!
São exemplos de cereais de boa qualidade nutricional:
- Aveia, centeio, espelta, quinoa, bulgur, trigo sarraceno, milho e arroz.
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Não deve “cortar” nos hidratos de carbono
À semelhança do que foi dito para os cereais, outras fontes de hidratos de carbono complexos, frequentemente restringidos em dietas de emagrecimento, são essenciais à saúde do intestino.
São exemplos as féculas (castanha, bolota, batata com pele, batata-doce, inhame, mandioca) e as leguminosas (grão-de-bico, feijão, ervilha, fava, lentilha, tremoço), que favorecem a manutenção da hidratação do bolo alimentar.
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O excesso de “irritabilidade intestinal” e por isso de fermentação é uma realidade muito comum. Stress, dieta, défice de hidratação e de sono explicam a elevada prevalência desta queixa tão frequentemente desvalorizada!
A excessiva formação de gases (em especial metano) pelas bactérias do cólon alteram as fezes, tornando-as pequenas, densas e “flutuantes”. É frequente o paciente referir que sente uma evacuação incompleta!
Neste sentido à que reduzir as substâncias naturalmente fermentáveis da dieta, assim como retirar excesso de hidratos de carbono refinados, produtos processados, álcool e outros estimulantes.
Alguns exemplos de fermentáveis são: couves, brócolos, castanhas, lácteos, leguminosas… ou alimentos com excesso de fermento como pão e outros produtos de panificação/confeitaria.
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Não basta comer um kiwi em jejum e ficar “à espera”!
As fontes de fibra e água devem dispersar-se ao longo do dia e em todas as refeições, para promover o avanço do bolo alimentar ao longo do intestino.
Por outro lado, o peristaltismo (movimentos ritmados) do tubo digestivo e a adequada produção de sucos gástricos, só acontecem quando se ingerem alimentos. Assim fazer longas horas de jejum são desaconselhadas!
Deve comer e beber ao longo do dia e fazer jejum noturno (12h)!
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