Recupere o seu metabolismo
Como vai caro leitor?
Todos os anos, quando o sol espreita e as roupas se tornam mais leves, começa a correria às dietas rápidas. Esta tendência sazonal torna-se quase o natural ciclo da vida de muitas pessoas. Até que num qualquer ano semelhante aos anteriores, o corpo já não reage à “dieta do costume”. As pessoas assustam-se, redobram a restrição, compram novos suplementos milagrosos e até aproveitam a inscrição esquecida no ginásio do bairro… Quando já nada resulta, algumas conformam-se, outras decidem que é tempo de procurar a nutricionista para operar «o milagre».
Depois de ouvir histórias dietéticas que se podem resumir pelo parágrafo anterior é comum afirmarmos na primeira consulta:
"O seu metabolismo está estragado!"
Mas o que quer isto dizer ao certo? Como se chega a esse ponto? Há solução?
Todas as respostas neste artigo.
A palavra metabolismo vem do grego “metabole”, que significa “mudança, troca”.
Consiste num conjunto de transformações e reações químicas através das quais se realizam os processos de síntese (construção) e degradação celular. Este conjunto de reações acontece por via de uma cadeia de enzimas, hormonas e de outros produtos intermediários.
- Nutrição (obtenção de energia e nutrientes essenciais);
- Respiração (oxidação desses nutrientes para produção de energia química)
- Síntese de moléculas estruturais (utilização da energia produzida).
- Reações de síntese/ construção = anabolismo
- Reações de degradação = catabolismo
As reações anabólicas constroem novas substâncias, por exemplo, tecido muscular a partir das proteínas da alimentação. As reações catabólicas destroem substâncias, por exemplo, transformam a gordura em energia e água.
Para manter as funções vitais (respiração, batimento cardíaco, temperatura corporal, etc.), o organismo gasta energia, denominam-se esse por metabolismo basal. Isto é, mesmo em repouso o nosso organismo gasta energia para se manter vivo. Pode calcular o seu metabolismo basal através destas fórmulas:
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Contudo, esta é apenas uma fórmula estatística. O metabolismo depende de vários fatores como idade, género, genética, prática de atividade física, medicação, alimentação, stress, etc. É por esse motivo que existem pessoas que comem de tudo e são extremamente magras e outras que dificilmente emagrecem.
Ainda assim a maior parte de nós tem taxas metabólicas “normais” e previstas por fórmulas como a anterior. O que acontece é que com o passar dos anos e com os “maus tratos” que damos ao nosso organismo, este acaba por ser resistente à mudança.
O corpo humano, em condições normais, dispõe de mecanismos de equilíbrio do peso/gordura corporal. Lembremos que a gordura é o combustível de reserva do corpo humano, por isso cada organismo tende a gerir estas reservas. Chama-se a isto o ponderostato, ou seja, até a um certo número de calorias ingeridas a mais ou a menos o organismo não altera as suas reservas. Esta é uma forma de auto-regulação do peso mediada por hormonas.
Contudo, este ponderostato tende a desregular-se de acordo com o nosso comportamento alimentar, de uma forma muito simples:
- Se fizermos restrições alimentares constantes, ou se comermos alimentos muito pouco calóricos e de absorção rápida (ex iogurte e frutas), ou passarmos muitas horas em jejum, o organismo tende a diminuir o gasto de energia basal e a fazer mais reservas de gordura.
- Se comermos sempre mais calorias do que as que necessitamos o metabolismo tende a poupar as suas reservas e a apenas gastar e acumular o que vem da alimentação. Tendo a agravante de que sempre que os níveis de nutrientes baixam no sangue as hormonas da fome disparam, verificando-se fraqueza e mau estar (hipoglicémia), ou seja, a pessoa tende a ingerir alimentos de reposição rápida de energia (dependência metabólica).
- Se variar entre períodos de restrição acentuada e períodos de compulsão alimentar com grande ingestão calórica, também aqui o metabolismo tende a defender-se, desacelerando. Isto é, o organismo deixa de reagir, tanto à restrição como à sobre-ingestão. O objetivo é defender-se e manter um equilíbrio (efeito dietas iô-iô).
Podemos comparar o metabolismo do peso a um elástico:
Tanto estica e encolhe, que temos de o esticar cada vez mais para obter o resultado. E tanto estica que se torna laxo e já não volta a encolher como no início. Portanto o metabolismo torna-se frouxo, cansado e defensivo. Os mesmo estímulos deixam de ser eficazes.
As hormonas mais envolvidas neste processo são as da tiróide. Não é por acaso que o hipotiroidismo é uma condição cada vez mais prevalente, especialmente na população feminina com mais de 40 anos. Veja o artigo sobre hipotiroidismo. A tiróide tenta durante muito tempo compensar os jejuns, as restrições e os excessos, até que se cansa de produzir hormonas e entra em falência. Estes são casos de hipotiroidismo secundário (aos erros alimentares).
Sim. Embora exija paciência, perseverança e muita motivação. Pessoas com o metabolismo lento e cansado têm evoluções lentas, na casa das gramas por semana e fazem retenção de líquidos com facilidade o que camufla o seu resultado. Por outro lado, são pessoas que já passaram por tantos processos de perda de peso que se tornam impacientes e incompreensivas quanto aos resultados, desmotivando facilmente.
Se este é o seu caso lembre-se que não chegou a onde está de um dia para o outro e que o seu corpo ficou doente devido aos seus comportamentos, num estado de letargia. Agora precisa de tempo para recuperar.
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Só conseguirá recuperar o seu metabolismo com hábitos alimentares saudáveis e exercício físico.
Se passou anos a fazer restrição de hidratos de carbono (ex. pão, arroz, fruta, feijão) é normal que o seu corpo precise de tempo para se adaptar. Quanto mais extrema e por mais tempo tiver sido a restrição, mais tempo precisará para reverter a situação.
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Para recuperar o seu metabolismo e incentivá-lo a funcionar, não engordando ao mínimo consumo, deve mudar o seu estilo de vida e não fazer mais uma dieta. Consulte nutricionista.