Contaminantes ambientais na gravidez

Setembro #mêsdagrávida

Chegámos ao fim do mês da grávida, mas não sem este tema:

Estar grávida é uma responsabilidade, já o dissemos ao longo de todo o mês. Essa assunção vai para além dos alimentos, pois abrange tudo o que ingerimos e contactamos (ex. respiramos ou colocamos na pele).

Hoje falamos sobre Contaminantes ambientais na gestação!

Disruptores endócrinos e outros contaminantes

Quando falamos de programação metabólica materno-fetal, e a forma como o estilo de vida materno (e paterno) influenciam a saúde do bebé e futuro adulto, é importante falarmos sobre os contaminantes ambientais.

A exposição a estas substâncias em fases particularmente vulneráveis, como é o caso da gestação e pré-conceção, tanto na mãe como no pai, poderão ter efeitos adversos no bebé e deverão por isso ser identificados e evitados.

Estas consequências prendem-se com o desenvolvimento de doenças metabólicas, cancro, doenças neurodegenerativas, entre outras. Para além disso, estas substâncias podem atuar como disruptores endócrinos, que interferem na função hormonal uma vez que podem ter configurações muito semelhantes às hormonas e podem ligar-se aos recetores destas, podendo ampliar ou bloquear a resposta celular. Atuam principalmente ao nível do sistema reprodutor, pulmonar, sistema nervoso central e sistema imunológico, devido ao facto destes sistemas demorarem mais tempo a desenvolver-se e, por isso, estarem mais tempo expostos a estes disruptores endócrinos.

Poderá ter interesse em ler…

Disruptores endócrinos – WHAT ??

Disruptores Endócrinos

Disruptor: (latim disruptus, -a, -um, particípio passado de disrumpo, -ere, partir, despedaçar, rasgar, romper, destruir + -tor) Endócrino: [Medicina]Glândulas de secreção interna, como as glândulas tiróides, supra-renais, etc. in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013

Os contaminantes ambientais podem classificar-se, de forma ampla em:

Na classe dos metais pesados, destacamos o metilmercúrio, presente principalmente em peixe e marisco e ao qual devemos ter especial atenção durante a gravidez. Este é capaz de atravessar a placenta, chegando até ao feto e tendo efeitos neurotóxicos e teratogénicos.

Pelos efeitos benéficos associados ao consumo de pescado, sugere-se apenas reduzir o consumo das espécies de peixe mais propensas a ter altas concentrações de mercúrio (espécies de peixe predadoras com maiores dimensões e maior tempo de vida), como:

cavala, atum, garoupa, peixe-espada, perca, raia, robalo, tamboril, tintureira

Mantendo o consumo de pescado com menos probabilidade de ter grandes concentrações de mercúrio como:

bacalhau, carapau, dourada, linguado, pescada, sardinha e solha.

Manual Alimentação e Nutrição na Gravidez (DGS)
O que poderá fazer para evitar a exposição a estas substâncias?
O que fazer para ajudar o organismo a detoxificar?

Apesar de tentarmos diminuir a exposição, a verdade é que no meio urbano é difícil fugir destas substâncias!

Assim, torna-se essencial auxiliar a sua excreção e para isso, há alguns nutrientes que parecem ter este efeito.

  • Os carotenóides e a vitamina A parecem aumentar a eliminação hepática de bisfenol A, por exemplo.
  • A chlorella é uma alga rica em ferro, magnésio, carotenoides, ácido fólico e que também parece diminuir a passagem e absorção dos disruptores endócrinos e metilmercúrio.

Para além destes alimentos/nutrientes específicos ter um estilo de vida saudável também parece melhorar a capacidade do organismo lidar com estas substâncias, especificamente ter uma microbiota saudável e praticar atividade física!

Em conclusão...

Sim, cuidar-se é cuidar do seu bebé, até nas “pequenas coisas” como a água que bebe e o creme que usa.

Do que espera para começar a planear a sua gravidez com o Diário de uma Dietista? Não deixe ao acaso ou à sorte. Vale a pena planear.