Refluxo, Gastrite & Colite
Como vai caro leitor?
Hoje vamos escrever sobre as especificidades da alimentação quando existe inflamação das várias partes do sistema digestivo. As mais comuns são:
Esófago – esofagite
Estômago – gastrite
Intestino – síndrome do cólon irritável, vulgo “colite”.
1. Esofagite
A esofagite é uma inflamação na mucosa do esófago que pode ser causada por refluxo gástrico.Os sintomas da esofagite são:
- Gosto amargo na boca
- Azia e ardor
- Mau hálito
- Aerofagia (saída de ar pela boca)
- Dor no peito
- Refluxo do conteúdo alimentar do estômago ou de um líquido amargo e salgado para a garganta
- Pode causar dor durante a deglutição e pequenas perdas de sangue detetadas na boca.
Interessa então saber o que é o refluxo gastroesofágico, por este ser a principal causa da esofagite:
Fatores que contribuem para o refluxo
O que fazer para evitar o refluxo ácido?
2. Gastrite
A gastrite é a inflamação da parede que reveste o estômago. Esta mucosa oferece resistência à irritação e normalmente pode suportar um elevado conteúdo ácido. No entanto, pode irritar-se e inflamar-se por diferentes motivos. A gastrite aguda é uma inflamação que se resolve em poucos dias: ou cura ou evolui para gastrite crónica.
Quase todos os portugueses adultos e mais de 50% da população mundial tem gastrite crónica causada pela bactéria Helicobacter Pylori.
- Perda de apetite
- Náusea e vómitos
- Dor na parte superior do abdómen
- Fezes escuras
- Vómito com sangue, semelhante a "borra de café"
- Frutas ácidos (citrinos, kiwis, ananás, morangos, limão, frutos silvestres)
- Vegetais (cebola, tomate, pepino, pimento)
- Alimentos fritos (batatas fritas, snacks crocantes, comida chinesa,…)
- Especiarias (pimenta, açafrão, colorau, noz moscada, alho, cravinhos, cominhos,…)
- Confecções com muita gordura (fritos, salteados, guisados e assados no forno)
- Bebidas com gás (refrigerantes, colas, cerveja, águas gaseificadas)
- Estimulantes (cacau, café, chá verde e preto, guaraná, erva mate,…)
- Molhos de tomate, maoinese, molho para salada, vinagre, sumo de limão ou de laranja…
- Queijos gordos e curados;
- Corantes (doces, gomas, bolos,…)
- Frutas (maçã, pêra, papaia, banana, melancia, melão, côco);
- Vegetais (chuchu, brócolos, nabo, cenoura, espinafre, agrião);
- Farináceos (pão de mistura ou integral, batata, massa, arroz);
- Gelatina;
- Iogurte natural e queijo-fresco (leite por vezes, quando bem tolerado);
- Ovo cozido;
- Carne de aves e peixes (cozidos ou grelhados);
- Água e infusões de folhas (ex.cidreira, tília, camomila,…)
3. Colite
- Dor no abdómen
- Mal estar
- Distensão abdominal (inchaço)
- Flatulência (gases)
- Diarreia ou obstipação (prisão de ventre)
Não é uma “doença” no sentido normal da palavra (isto é, não é apanhada ou transmitida de pessoa para pessoa, nem pode ser curada por cirurgia ou medicamentos) e não é potencialmente mortal.
A síndrome do cólon irritável é um problema comum, que afecta até 30% da população ocidental nalgum momento da vida. Normalmente é diagnosticada nos adultos jovens e a sua incidência é mais elevada nas mulheres.
Causas
Tratamento
O tratamento da síndrome do cólon irritável pode incluir um tratamento médico, associado a alterações alimentares e a controlo do stress.
Em termos nutricionais a abordagem varia de acordo com a presença de diarreia ou obstipação. De qualquer forma, a abordagem nutricional passa pela eliminação de alimentos potencialmente causadores de intolerância (ex. leite e derivados, fermentos, ovo, café, cacau,…) e pela gestão do tipo de fibra.
- Leite e os derivados, com lactose;
- Cafeína: chá preto, chá mate, chá verde, café, chocolate, colas;
- Condimentos e especiarias: canela, pimenta, alho, cebola;
- Frutas cítricas: laranja, limão, abacaxi, maracujá;
- Alimentos com gordura: fritos, batata-frita, pizza, fast-food, amendoim, nozes, queijos amarelos, manteiga;
- Refrigerantes, bebidas alcoólicas;
- Glúten: pão, massas, bolos, bolachas (centeio, aveia, trigo, cevada);
- Sacarose: açúcar, doces, gelados;
- Sorbitol: pastilhas elásticas e outros doces;
- Fermentos para panificação e pastelaria;
- Vegetais fermentativos (brócolos, todas as couves, feijão, castanha, pimentos, milho,);
- Algumas carnes, como a de porco.
Estas são algumas diretrizes gerais, podendo haver exceções. Alimentos como o leite e derivados ou as leguminosas (feijão, grão) podem ser bem tolerados em alguns casos ou em algumas fases.
É por esta razão que se recomenda que os pacientes com síndrome do cólon irritável sejam seguidos em consulta de nutrição a longo prazo e de uma forma individualizada, pois cada caso é um caso. Algumas pessoas, poderão ainda necessitar de acompanhamento psicológico, com o objetivo de identificar e controlar fatores de stress (treino de relaxamento) para alívio dos sintomas.
Também a nicotina pode contribuir para o agravamento dos sintomas associados à síndrome do cólon irritável, pelo que os fumadores devem estar alertados para esse facto.
A melhoria ou resolução dos sintomas da síndrome do cólon irritável é frequentemente um processo lento, que pode demorar seis meses ou mais. O tratamento deste problema requer assim bastante paciência. Por outro lado, podem voltar a manifestar-se periodicamente sintomas ligeiros; nalguns casos, embora raros, esses sintomas podem mesmo reaparecer com mais intensidade.
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