“Dia livre” Sim ou Não?
Como vai caro leitor?
Hoje vamos a um tema de caráter comportamental, ou seja, sobre a forma como agimos em determinadas situações. Este tema baseia-se essencialmente na desmistificação do “Dia Livre”, tão conhecido entre os “dieters” (palavra inglesa que designa uma pessoa constantemente em restrição alimentar).
Comecemos por dividir as pessoas que estão a ler este texto em dois grupos:
- Os que estão a seguir um determinado plano alimentar para emagrecer;
- Os que querem manter o peso estável e privilegiam a saúde.
Já se enquadrou num grupo?? Então vamos à explicação.
1. Em emagrecimento
Se está a perder peso comece por enumerar as razões pelas quais o está a fazer:
Não gosta de se ver?
Tem uma mobilidade reduzida?
Tem um problema de saúde?
Seja qual for a sua motivação lembre-se dela quando estiver perante um “extra-alimentar”.
Entenda-se por "Extra-Alimentar um consumo não planeado".
A verdade é que o conceito de extra-alimentar é diferente de pessoa para pessoa. O que para uns foi gravíssimo, para outros nem chega para ser contado na consulta. Um exemplo:
- Existem pessoas que valorizam o consumo de um único biscoito ou de uma fruta a mais num período de uma semana.
- Ao invés outras pessoas desvalorizam os seus consumos, pensando que são irrelevantes para o plano, mas todos juntos, no final da semana, contam na balança. Isto é, se todos os dias consumirmos 2-3 biscoitos, realmente não comemos uma caixa num dia, mas podemos ter comido duas caixas numa semana! O mais difícil é quando isto acontece com alimentos diferentes, por exemplo, hoje 2 biscoitos, amanhã 1 pequena fatia de bolo, no outro dia 1 copo de vinho, depois uma tarde em jejum, depois “uma mão” de batata fritas, um punhado de amêndoas… e quando vemos ao final da semana, variação do peso 0! E claro que as pessoas ficam surpreendidas. Porquê? Porque estão convictas de que cumpriram tudo!
É muito difícil explicar a uma pessoa que desvaloriza aquilo que come que o que “vai comendo” pode realmente ser decisivo para os seus resultados. Quem nunca ouviu: “Não sei porque engordo, à noite só como sopa!” e na realidade após a sopa petiscam (doces, chocolate, biscoitos, fruta, pão, queijo, tostas, etc etc). Se isso conta? claro que conta, tudo junto pode conter mais calorias do que as ingeridas no dia completo.
Lição nº 1: Nem 8 nem 80. Permita-se 1 a 2 pequenos erros por semana, valorizando tudo o que come “extra plano”. Se comeu uma amêndoa extra conte à nutricionista, pois isso facilitará o seu trabalho e melhorará os seus resultados.
A questão do dia livre é um erro. É dizermos aos pacientes que estão autorizados a arruinar um ou mais dias do seu esforço! Resultado: frustração na consulta e possível desmotivação. Em termos metabólicos o organismo fica muito confuso com estas variações dos consumos energéticos, isto é, se anda uma semana a fazer uma alimentação saudável e com alguma restrição, chega ao fim de semana e ingere mais calorias do que em 3 dias, é normal que haja maior absorção desses alimentos. Portanto o erro é exponensiado. Quanto ao “dia livre”, tão desejado, costumo dizer que o dia livre acontece naturalmente. Não é preciso planear. Se reparar nas suas semanas, aposto que em todas elas vai encontrar um dia em que saiu da sua rotina alimentar (ou bebeu mais vinho, ou comeu um doce, ou comeu uma fatia de bolo de um amigo, etc etc).
Por outro lado está provado cientificamente que é importante fazer 1 refeição “livre” por semana, quando se está a perder peso (esta periodicidade é variável de acordo com o metabolismo). Nas primeiras semanas (2 a 4) siga o plano a 100% de forma a que o seu corpo perceba a mudança metabólica, isto é, que deve ser menos dependente dos alimentos e gastar as suas próprias reservas de gordura. Daí para a frente pode perfeitamente fazer a sua refeição com erro, repito refeição, não dia. Especialmente se for uma refeição rica em hidratos de carbono, esta será estimuladora para o seu metabolismo, prevenindo que fique “lento” e “habituado ao plano”. Ou seja, age como uma “primeira semana”.
Entenda-se por refeição com erro: OU as entradas, OU o prato, OU o doce. As 3 coisas são 3 erros.
2. Manutenção e gestão do peso
Neste caso o dilema é outro: como não arruinar o sucesso da perda de peso? Há quem diga que é mais difícil manter do que perder peso. Depende do ponto de vista.
- Existem pessoas que têm uma restrição demasiado rígida enquanto estão a perder peso com o objetivo de maximizar os resultados. Ou seja, nunca se permitem um único erro alimentar. Quando alcançam o seu objetivo de peso é comum estas pessoas fazerem muitos erros, pois sentem que “já conseguiram, então já podem comer”. Está errado. Nos primeiros tempos irão ver pequenas variações na balança, mas de repente podem engordar bastante. Deve sempre evitar o comportamento Tudo ou Nada. Na realidade estas pessoas não “aprendem a errar”, ou seja, em situações de erro, não conseguem fazer boas escolhas ou controlar os consumos.
- No lado oposto estão as pessoas que têm um comportamento mais moderado, que se permitiram os seus erros ocasionais ao longo do plano de perda de peso e que agora, em manutenção, sabem errar. E como se erra???
Na realidade é muito fácil manter o peso estável, sem grandes preocupações com a alimentação e sobretudo sem viver em dieta (restrição)! O segredo é:
Mantenha uma alimentação saudável
de “2ª a 6ª” e faça exercício 3 vezes por semana. Ao fim se semana pode relaxar, comer uma pizza, ir ao chinês, beber “um copo” com os amigos”.