Fígado & Vesícula

Como vai caro leitor?

Hoje voltamos às publicações sobre saúde. Desta vez sobre um dos sistemas mais importantes para a nutrição: o sistema hepatobiliar, que significa fígado e vesícula biliar.

Deste dependem inúmeras funções que nos mantêm vivos: digestão, absorção, metabolização e desintoxicação. Quando este sistema não está bem, é impossível sentirmo-nos saudáveis. Os sintomas mais comuns ligados a afecções hepatobiliares são: náuseas, tonturas, pele amarelada, baixa pressão arterial, vómitos, diarreia, falta de apetite, digestão lenta e difícil, dor de cabeça, boca “amarga” e seca, língua “gretada”, etc etc.

   Pois bem, é justamente assim que me tenho sentido! E porquê? Podem ser várias as causas para o nosso fígado estar “em crise”. Desde uma predisposição genética, até uma infecção, uma sobrecarga de alimentos ou medicamentos. No meu caso vou mais para a primeira. São comuns “as crises” pelo que os cuidados com a alimentação são constantes. Analisemos melhor qual a importância deste órgão para a nossa saúde:

Sistema hepatobiliar

O fígado e a vesícula biliar estão situados na parte anterior do abdómen e estão ligados entre si por canais chamados vias biliares. Apesar desta ligação e do factode ambos desempenharem algumas funções comuns, são na realidade órgãos muito diferentes.

O fígado, que tem forma de cunha, é a fábrica de elementos químicos do organismo. Trata-se de um órgão complexo que desempenha muitas funções vitais, desde regular a quantidade desses elementos, até produzir substâncias que intervêm na coagulação do sangue durante uma hemorragia. Por outro lado, a vesícula biliar é uma pequena bolsa em forma de pêra onde se armazena a bílis (uma secreção hepática que facilita a digestão dos alimentos).

O Fígado 

Além disso, o fígado transforma as substâncias que contém os alimentos digeridos em proteínas, gorduras e hidratos de carbono. O açúcar é armazenado em forma de glicogénio, que se decompõe e passa ao sangue em forma de glicose se o organismo o necessitar, por exemplo, quando diminui o valor normal de glicose no sangue.   O fígado é a víscera mais volumosa e, em alguns aspectos, o órgão mais complexo do corpo humano. Uma das suas principais funções é decompor as substâncias tóxicas absorvidas pelo intestino ou produzidas em qualquer parte do organismo que elimina, como subprodutos inócuos, pela bílis ou pelo sangue. Os subprodutos lançados na bílis passam ao intestino e são expulsos do corpo nas evacuações. Os rins filtram os subprodutos lançados no sangue que serão expulsos na urina.
O fígado produz quase metade do colesterol do organismo; o resto provém dos alimentos. 80 por cento do colesterol produzido pelo fígado é usado para a formação da bílis.   

    Outra das funções do fígado é a de fabricar (sintetizar) vários compostos importantes, especialmente as proteínas, que o organismo utiliza para realizar diferentes funções. Entre estes compostos também figuram substâncias utilizadas no processo de coagulação do sangue, que se denominam factores de coagulação.

As disfunções do fígado dividem-se em dois grupos: as causadas pela disfunção das próprias células hepáticas (como a cirrose ou a hepatite) e as causadas por uma obstrução do fluxo de bílis segregado pelo fígado através das vias biliares (como os cálculos biliares ou o cancro).

 

A vesícula biliar    

 A vesícula biliar é um órgão pequeno localizado debaixo do fígado que tem forma de pêra. Armazena a bílis, um líquido amarelo-esverdeado produzido pelo fígado, até que o aparelho digestivo dele necessite. A bílis é composta de sais biliares, electrólitos, pigmentos biliares como a bilirrubina, colesterol e outras gorduras. A bílis é utilizada pelo organismo para que o colesterol, as gorduras e as vitaminas dos alimentos gordos sejam mais solúveis e, desse modo, possam ser melhor absorvidas.  As principais funções da bílis (sais biliares) são:

Quase metade da bílis segregada entre as refeições flui directamente, através do canal biliar comum, para o intestino delgado. A outra metade é desviada do canal hepático comum através do canal cístico até ao interior da vesícula biliar, onde se armazenará. Já na vesícula biliar, até 90 % da água da bílis passa ao sangue. O que fica é uma solução concentrada de sais biliares, lípidos biliares e sódio.

Representação de Lítiase Biliar (“pedras” na vesícula)

  Quando a comida chega ao intestino delgado, uma série de sinais hormonais e nervosos provocam a contracção da vesícula biliar e a abertura de um esfíncter (o esfíncter de Oddi). A bílis flui então da vesícula biliar diretamente para o intestino delgado para se misturar ali com o conteúdo alimentar e desempenhar as suas funções digestivas.
    Uma grande proporção dos sais biliares armazenados na vesícula biliar é
lançada no intestino delgado e quase 90 % é reabsorvida através da parede da secção inferior deste; o fígado extrai então os sais biliares do sangue e segrega-os outra vez dentro da bílis. Os sais biliares do corpo experimentam este ciclo de 10 a 12 vezes por dia. Em cada ocasião, pequenas quantidades de sais biliares chegam ao intestino grosso, onde são decompostos pelas bactérias. Alguns destes sais biliares são reabsorvidos no intestino grosso e o resto é excretado nas fezes.

Principais motivos de alterações hepatobiliares

Este artigo não aborda as doenças do fígado e da vesícula como as hepatites, cirrose e cálculos biliares. Pretende-se, sim, abordar as alterações passageiras de um fígado e vesícula saudáveis. 

Fígado “gordo” ou esteatose hepática

 Como foi escrito anteriormente as principais causas destas alterações são:

  • Sobrecarga de medicamentos
  • Sobrecarga de suplementos alimentares, incluindo multivitamínicos e minerais;
  • Excesso de gordura na alimentação;
  • Excesso de alimentos ricos em pigmentos (laranjas e verdes);
  • Excesso de substâncias estimulantes (café, chá verde e chá preto);
  • Excesso de álcool;
  • Excesso de açúcar, sal e aditivos alimentares (corantes, conservantes, etc);
  • Alimentação desregrada/ longas horas de jejum;
  • Vesícula “preguiçosa” – movimentos comprometidos;
  • Fígado gordo (esteatose hepática) – acumulação de gordura à volta do órgão;
  • Obstipação (prisão de ventre);
  • Tendência congénita/ familiar

Estas são algumas razões que podem fazer o nosso fígado “queixar-se” e passar por algumas crises, cujos sintomas/ sinais foram descritos logo no primeiro parágrafo deste artigo.

Deste modo, o que fazer quando nos sentimos assim?? o que mudar na alimentação?

Alimentação & saúde hepatobiliar

Quando o nosso fígado está “doente” o melhor que há a fazer é dar-lhe “descanso” das inúmeros funções que ele tem de desempenhar. Vejamos:

  • Preferir alimentos cozidos ou grelhados;
  • Evitar todo o tipo de fritos;
  • Preferir laticínios magro (leite e iogurte), ou mesmo evitá-los de todo caso sejam mal tolerados no dia-a-dia;
  • Evitar gorduras naturais como manteiga, margarina, natas, azeite, frutos secos, sementes, peixe gordo, gema de ovo, etc;
  • Evitar charcutaria, mesmo que fiambre de aves magro/ light;
  • Atenção à gordura escondida em alimentos industrializados como bolachas e tostas!
  • Fazer refeições pouco abundantes, várias vezes ao longo do dia;
  • Evitar períodos longos de jejum, comendo de 3 em 3 horas (máximo 4/4h).
  • Evite alimentos que à partida já sabe que lhe são difícieis de digerir em situações normais, por exemplo: pimentos, pepino, cebola, laranja, leite, ovo…
  • Cozinhe bem os alimentos, para facilitar a sua digestão e absorção. As sopas, os purés de legumes, a fruta cozinhada, o arroz, o frango, são exemplos de alimentos de fácil digestão.
  • Evite alimentos ácidos e picantes: vinagre, refrigerantes e sumos, citrinos e frutas muito verdes, azeitonas, pimenta, etc.
  • Evite estimulantes: café, chá verde ou preto e cacau.
  • Evite alimentos muito ricos em açúcares e aditivos (bolos e pastelaria).
  • Cuidado com os pigmentos naturais! Estes são “digeridos” pelos sais biliares. São exemplos os vegetais verdes escuros (espinafres, couves, grelos, alface) e os laranjas (abóbora, tomate e cenoura).
  • Beba o máximo de água possível (1,5l a 2l), ao longo do dia.
  • Evite os chás e as infusões em grandes quantidades, pois estas necessitam de metabolização hepática.
  • Exclua totalmente o consumo de álcool e refrigerantes.

Para terminar, sugerimos ainda uma lista de alimentos que, fora das épocas de “crise”, auxiliam o funcionamento do fígado, que o protegem e melhoram a sua condição:

  • Mel;
  • Alho;
  • Nozes;
  • Limão;
  • Ananás;
  • Maçã;
  • Água;
  • Gengibre;
  • Rabanete;
  • Frutos silvestres;
  • Salmão e azeite;
  • Boldo (chá);
  • Beringela (chá);
  • Alcachofra (chá);
  • Alfazema (chá);
  • Hortelã (chá).