Entenda o seu filho à mesa
Como vai caro leitor?
Hoje temos de falar sobre as crianças, a melhor coisa do mundo, concorda?
As crianças e jovens são um dos grupos que mais preocupam a saúde pública, quando o tema é alimentação e saúde. Atualmente estima-se que 30% das crianças europeias tenham excesso de peso e já 10% sejam obesas, números preocupantes e ainda a crescer. Não obstante, vários estudos têm demonstrado que a obesidade se relaciona com problemas físicos e psicológicos na infância, com um maior risco de contrair doenças e morrer prematuramente.
Contudo, a inclusão de nutricionistas em câmaras municipais a fim de intervirem em escolas e jardins de infância não é frequente, pelo que se constata a desadequação das refeições escolares, recorrendo os jovens a opções ainda menos saudáveis nas áreas comerciais que circundam os estabelecimentos. Em subsquência, as consultas de nutrição e os programas destinados a jovens são escassos em centros de saúde. Sendo que, se quiser aceder a este serviço público terá, muitas vezes, de dirigir-se ao seu hospital de referência.
5 determinantes do comportamento alimentar infantil
Desde o nascimento que as crianças nascem com preferências inatas pelos sabores doce e salgado, já o amargo e azedo são motivo de aversão. Deste modo, cabe aos pais contrariarem o que é inato, propiciando desde cedo a exposição a todo o tipo de sabores. Este ato vai evitar que no futuro a criança recuse sempre os novos alimentos, pois não os vai “recear”. É normal que o seu filho diga “não” a alimentos com cores, formas e cheiros a que nunca foi exposto, este é um mecanismo de defesa natural; note-se que são diversos os estudos a demonstrarem que uma exposição continuada (8 a 15 vezes) a um alimento inicialmente rejeitado, aumenta a sua preferência independentemente do sabor (crianças de 2 a 6 anos). Ou seja, paciência e persistência são mesmo indispensáveis.
Estes fatores são essenciais na modelação das preferências. Não espere que o seu filho lhe peça alimentos que nunca ou raramente ingere. Isto é, a criança vai escolher aquilo que lhe é servido às refeições, que existe em casa ou na escola. Mas não basta o alimento estar disponível se não estiver acessível, ou seja, se a criança não o conseguir ir buscar por estar num armário inacessível, ou se não estiver pronto a consumir é difícil que os ingira. Assim, tenha sempre alimentos saudáveis preparados, como fruta lavada, cenoura descascada, batidos de fruta, leite em doses individuais, fatias de pão cortadas, entre outras opções. As crianças optam sempre pelo mais rápido e fácil.
Os seus filhos aprendem, principalmente, por modelação. Quer isto de dizer que fazem o que o vêem fazer, incluindo aquilo que come. Se mostrar agrado ou desagrado por um alimento é normal que o seu filho o exprima por “imitação”. Este fenómeno dá-se não só na infância, mas também na adolescência. Portanto, mesmo que não goste de um alimento, se este for saudável, nunca o diga à frente dos seus filhos, nunca deixe de o ter em casa e disponibilizá-lo às refeições.
Os atos e crenças dos pais influenciam de forma determinante o comportamento alimentar dos filhos. Não valorize as reacções da criança à mesa ou quando é exposta a alimentos, não fale alto nem faça gestos bruscos, pois ela vai perceber que captou a sua atenção e vai repeti-lo sempre. Se o seu filho se recusa comer a quantidade que acha adequada experimente servir a comida num prato grande e branco, para que este pareça quase vazio, isto não o irá “assustar” e afugentar da refeição. Servir as crianças em pratos pequenos é, de facto, um erro por parecerem demasiado cheios.
Se quiser fomentar ou desincentivar o consumo de determinado alimento ou bebida evite dizer que este é “bom” ou “mau” para a criança, fale antes da sua experiência,referindo, por exemplo, “gosto muito de cenoura, faz os meus olhos mais bonitos” ou “este rebuçado sabe mal, faz-me doer a barriga”, vai ver que ele dirá o mesmo dias depois! Desta forma estará a ter uma atitude orientadora. Evite fazer proibições, pressões e exigências, pois só irá aumentar a preferência por esse alimento. Também não deve ser permissivo, isto é, deixar a criança escolher o que desejar, lembre-se que ela escolherá de acordo com os gostos inatos e não o que é mais saudável. Veja neste vídeo o exemplo da do Luiz António e da sua mãe.
A independência económica proporcionada, a opinião do grupo de amigos e a exposição a publicidade também vai influenciar o comportamento alimentar da criança; cabe aos pais moderarem estes fatores, discutindo positivamente os assuntos, orientando e modelando os seus filhos.