“Leites” vegetais na Infância
Em junho estamos a dedicar as nossas publicações às crianças. São elas as próximas gerações de adultos, por isso, se forem tratadas e educadas AGORA, serão mais felizes e saudáveis no futuro.
Esta semana falamos especificamente de alergias e intolerâncias, tão comuns nos primeiros anos de vida, mas também nos adultos. Hoje, vamos mais além, usando como exemplo um alimento altamente controverso:
O leite tem na sua composição lactose: um açúcar naturalmente presente e digerido pelo corpo humano através da enzima lactase. Quando existe deficiência ou mesmo ausência dessa enzima, ocorre intolerância à lactose, ou seja, incapacidade de digerir este açúcar e assim de ser absorvido, causando os sintomas típicos.
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Para além da intolerância à lactose, também pode existir alergia às proteínas do leite. Veja este artigo para perceber a diferença entre alergias e intolerâncias:
Para evitar o desconforto causado pelo seu consumo, existem alternativas no mercado: nomeadamente leite sem lactose e bebidas derivadas de cereais (arroz, aveia), frutos gordos (amêndoas, avelãs, caju), soja ou coco.
As bebidas vegetais, assim se chamam, têm ganho cada vez mais popularidade, mas será que são todas boas opções como substitutas do leite de vaca? Vamos saber!
Ao observarmos a comparação entre os vários tipos de bebida vegetal com o leite rapidamente percebemos que o que mais se assemelha em termos de conteúdo proteico é a bebida de soja.
Quanto aos micronutrientes, nomeadamente cálcio, vitamina B12 e vitamina D, verificamos que as bebidas vegetais apresentam valores elevados para aquilo que seria de esperar uma vez que não são fonte natural destes micronutrientes; no entanto, a indústria tem cada vez mais apostado na fortificação destas bebidas de forma que fiquem nutricionalmente mais semelhantes ao leite de vaca, o que é uma vantagem dada a importância destes para a saúde humana.
O que valorizar numa bebida vegetal?
De forma a fazer escolhas informadas e acertadas deverá ler e interpretar o rótulo nutricional – lista de ingredientes e declaração nutricional – uma vez que as diferenças são bastantes mesmo dentro de uma única marca.
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Ao olhar para a lista de ingredientes das bebidas vegetais deve certificar-se de que não têm adição de açúcar, nem de óleo (ex. óleo de girassol, óleo de colza, óleo de palma, etc).
Já o descodificador de rótulos ajuda-nos a interpretar os valores da informação nutricional, devendo estes manter-se sempre no nível verde.
No caso das crianças, as bebidas vegetais são opção ao leite?
Na introdução destas bebidas a crianças há alguns cuidados que deverá ter:
- No caso de estarmos perante um caso de alergia alimentar múltipla, deve ter atenção ao escolher as bebidas vegetais substitutas do leite de vaca uma vez que a soja e os frutos secos, são dos alimentos com maior poder alergénico.
- A bebida de arroz, apesar de parecer a mais inofensiva do ponto de vista das alergias alimentares, não deverá ser tomada numa base diária, devido ao seu elevado teor em arsénico, prejudiciais ao desenvolvimento da criança.
- Apesar de serem opções nutricionalmente adequadas quando bem escolhidas, as bebidas vegetais não deverão ser introduzidas antes do primeiro ano de vida e idealmente só após o 2-3º anos. Ao invés disso, leite materno ou de fórmula deverão ser a escolha prioritária.
Deste modo, o conselho do Diário de uma Dietista é que procure sempre a opinião de um pediatra ou nutricionista, que irá avaliar os custos/benefícios da substituição do leite por alternativas.
É ainda de salientar que não só o leite pode causar a sintomatologia, mas também os seus derivados, como iogurtes, manteiga e queijo, além do “leite escondido” em alimentos processados (como doces, pizzas, bolachas, molhos…). Assim, por forma a evitar défices nutricionais há que ponderar as melhores opções para a criança, integradas no seu padrão alimentar.