Alimentação sustentável: Insetos, pescado e horta-em-casa
O Diário de uma Dietista dedicou o mês de outubro ao tema da Alimentação saudável, mas sustentável.
Pretendemos alertar a Todos para a responsabilidade individual de nos cuidar e de cuidar do ambiente que nos rodeia!
Esta será a casa das próximas gerações e, pelo que sabemos, se continuarmos a sobre-exploração do planeta iremos comprometer não só a saúde dos nossos filhos, mas também do Planeta, agravando as desigualdades e as catástrofes naturais.
Dia Mundial da Alimentação
É a 16 de Outubro que anualmente se comemora o dia Mundial da Alimentação. Data esta que marca o dia da fundação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 1945.
Consulte os artigos já publicados sobre o tema “Alimentação Sustentável”
Hoje vamos trazer algumas curiosidades e têndencias associadas à sustentabilidade alimentar!
Seria capaz de comer insetos?
Peixe será alternativa à carne?
Vamos descorbrir!
Insetos
As tendências de produção e consumo alimentar estão a mudar, provavelmente, derivadas de uma maior consciencialização do consumidor sobre as consequências de um consumo não-sustentável.
Assim, novos tipos de alimentos estão a surgir no mercado! Exemplo disto são os insetos!
Em 2021 a Direção Geral de Alimentação e Veterinária aprovou a comercialização de algumas espécies como os gafanhotos, grilos, larvas e besouros.
Estes vendem-se sob a forma habitual ou triturados em farinha e são ricos em proteína sustentável, minerais, ácidos gordos essenciais e fibra.
Insetos precisam-se!
Pensa-se que em 2050, devido ao aumento da população, será necessário produzir mais 60% de alimentos do que atualmente, sendo que o consumo de insetos poderá ser uma das soluções para esta elevada demanda.
Se compararmos a produção de insetos com a produção animal habitual concluímos que a quantidade de recursos gastos (água, energia) é bem menor assim como a quantidade de terreno necessário à sua produção, sendo por isso que alguns estudos científicos apontam os insetos como a fonte proteica do futuro!
Pescado
Insetos à parte, uma solução alternativa ao consumo excessivo de carne, seria aumentar o consumo de peixe. No entanto, o acesso a peixe não é todo igual pelo mundo e é necessária uma atenção especial quando se escolhem as espécies!
Poderá ter interesse em ler os artigos…
Um aspeto a ter em conta é a sazonalidade destas espécies, que poderá consultar na figura disponibilizada pela Associação Portuguesa de Nutrição no seu ebook sobre Sustentabilidade.
Esta sazonalidade implica ainda que os peixes sejam também provenientes de zonas costeiras próximas, isto porque atualmente, metade do peixe consumido na União Europeia é proveniente de águas externas, o que tem um forte impacto a nível ambiental.
Outro parâmetro a ter em conta é procurar por selos que garantam a pesca sustentável desses peixes:
- MSC para peixe selvagem
- ASC para a aquicultura/peixes de viveiro
Na prática, a pesca sustentável implica que esta possa ser mantida sem que isso tenha impactos negativos noutras espécies do ecossistema (nomeadamente ao remover as suas fontes de alimentação, prejudicar o seu ambiente físico ou capturá-las acidentalmente).
O problema é que, à semelhança da carme, também o peixe verifica um aumento de cerca de +10kg ao ano, comparativamente há 57 anos atrás. Este consumo exagerado acarreta problemas a nível do ecossistema: a sobrepesca (pesca excessiva) que provavelmente levará muitas espécies à extinção.
A International Union for Conservation of Nature elaborou uma lista e algumas destas espécies são bem próximas dos portugueses, como é o caso do…
- Atum-rabilho,
- Bacalhau do Atlântico,
- Linguado Europeu
- Peixe Espada Branco.
Assim, optar por peixes de origem sustentável, bem como escolher as espécies com menor risco de extinção é essencial!
Produção Doméstica
E como depender da produção de outros pode não ser a melhor opção, há cada vez mais pessoas a produzir os seus próprios alimentos!
As hortas em casa, mesmo que em ambiente urbano, surgem cada vez mais. Num jardim, terraço, varanda ou até mesmo na sua cozinha é possível produzir os seus próprios alimentos e no caso de ter pouco espaço poderá optar também pelas chamadas hortas verticais através de vasos de parede ou floreiras!
As espécies que escolher vão depender do espaço que tiver mas, de uma forma geral, espécies com uma raiz mais curta como ervas aromáticas (tomilho, alecrim, óregãos, hortelã, salsa), morangos e malaguetas são indicadas para hortas verticais; já se tiver um pouco mais de espaço, a rúcula, alface, tomate, pimento, beringela, beterraba, cenouras, pepinos crescem bem sem ser necessário ter muito terreno, o que não acontece com batatas, abóbora ou o feijão.
A maioria das espécies precisa apenas que garanta a exposição solar direta durante algumas horas e rega diária. Quando há espaço disponível, uma zona de compostagem pode ser benéfica, já que gera fertilizante natural de forma orgânica e simples, basta para isso reunir os restos alimentares (cascas, talos, sobras) e colocá-los num recipiente próprio!
Aprenda mais no artigo
Compostagem doméstica
O mundo está a mudar e, fruto da necessidade, iremos ter de mudar os nossos hábitos alimentares em benefício do planeta.
Não diga à partida NÃO! Experimente! Saia da sua zona de conforto e arrisque, pelo bem de todos e do Planeta!