Psicologia do emagrecimento (parte I)
Como vai caro leitor?
Se tem acompanhado as publicações do blogue sabe que são várias as vezes em que afirmamos “nós somos o que comemos”, frase célebre do filósofo Hipócrates. Porém, hoje acrescentamos que nós somos, também, o que pensamos.
De facto, tem aumentado o reconhecimento da psicologia como aliada da nutrição. São ciências intimamente ligadas e indispensáveis no tratamento do ser humano como tríade “mente, corpo e espírito”. Não é por acaso que a Organização Mundial de Saúde (OMS) define o conceito de «saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social» e não somente pela ausência de doenças.
No que toca à nutrição como ciência há muito (séc. XVII) que foram reconhecidas as “Doenças do Comportamento Alimentar”. Contudo, estas englobam um largo espectro de condições em apenas 3 classes:
Na categoria 3) EDNOS engloba-se um conjunto de condições totalmente distintas como a ingestão alimentar compulsiva (d.i. binge and night eating disorders), a ortorexia, a vigorexia (mais recente), etc, estando ainda em estudo os seus critérios de diagnóstico.
Mas….Pergunta: quem nunca teve acessos de compulsão alimentar ou de alimentação emocional, ou passou por um período na vida em que controlou menos bem a sua ingestão e as suas escolhas alimentares?? quem nunca comeu por exemplo um pacote de bolachas do início ao fim, num piscar de olhos? não porque tinha fome, mas porque estava triste, irritado, frustrado…?
Pois bem, estas ocorrências não podem ser definidas como “doença”, ou “acessos bulímicos”, como muito se houve. Ninguém deseja esse rótulo. Contudo, são um alerta de que algo não está bem no nosso estado psicológico e nos está a perturbar fortemente os sinais físicos, como os mecanismos de saciedade. Assim, se está a passar por uma “fase” como esta procure ajuda, não apenas do nutriconista, pois a raiz está na mente, procure um psicólogo. Trabalhando em conjunto estes dois profissionais são a solução que tanto procura, e não a dieta da moda ou o suplemento XPTO. A derradeira solução está na mudança do comportamento alimentar que, sendo fácil de dizer, requer muito trabalho e tempo para se conseguir.
Provavelmente, se está a ler este artigo, está informado sobre nutrição e já experienciou alguns dos seguintes tópicos:
- conhece várias "dietas da moda";
- sabe distinguir um alimento nutritivo de um calórico;
- sabe o que fazer e não fazer para emagrecer;
- sabe de cor os nomes dos produtos que prometem emagrecimento rápido e sem sofrimento;
- sabe o que é carregar vários frascos na carteira e ficar atento ao horário, pois eles são os seus grandes aliados no processo de emagrecimento;
- tem consciência que tem peso a mais;
- sofre as consequências físicas do excesso de peso: falta de disposição, tristeza, frustração, irritabilidade, má condição física, cansaço fácil, dores no corpo, etc.;
- não consegue sair do "efeito yo-yo" (o famoso engorda e emagrece);
- come compulsivamente, muitas vezes sem fome e à noite;
- peregrina de médico em médico, de dieta em dieta.
Então, se já tentou vários métodos e não conseguiu emagrecer ou voltou a engordar depois de um período, está na hora de incluir a Psicologia no seu tratamento.
Os 3 pilares do emagrecimento saudável
Primeiro que tudo, o que precisamos de “emagrecer” (tratar) é a mente!
É essencial que identifique e elimine os gatilhos (d.i. triggers) que o fazem comer pela emoção, que tome consciência dos seus padrões de comportamentos, que reveja e entenda a relação do seu estado emocional com a comida… Ou seja o porquê de nos “sabotarmos” com a alimentação em determinado momento.
Depois de tratado o ponto 3) pode passar ao 1) e 2). Isto é, à mudança de hábitos alimentares e à atividade física: comer melhor e gastar mais energia. Isto já sabe!
Infelizmente, uma coisa é saber e outra é fazer! A grande maioria das pessoas SABE O QUE FAZER, MAS NÃO CONSEGUE. Por alguma razão que desconhecem, sabotam a própria dieta. É nesse ponto importante que entra a Psicologia.
“Emagrecer não é só a mudança de peso, é Reeducação Alimentar e Comportamental.”
Acabamos por aqui a “parte I” deste importante assunto, para que reflita e assimile a importância da mudança comportamental na perda de peso. Se assumir o emagrecimento apenas como “uma dieta temporária”, sabe que a recuperação do peso está garantida.
Não perca a “parte II” onde iremos abordar a relação entre o afeto e a comida, bem como a relação entre a mente e a alimentação. Saiba mais como a psicologia é a arma que lhe faltava para um emagrecimento de sucesso e longo prazo.
Leia agora a 2ª parte desta tema