Gravidez – mês 7
Como vai cara leitora?
Estamos de volta para escrever sobre gravidez. Já vamos no 7º mês! Não leu os anteriores? aqui ficam:
O mês 7 vai da semana 27 até à 30ª e marca o início do 3º trimestre! Sim já, o último! Este é conhecido pelos desconfortos associados ao aumento do peso e à diminuição do espaço no abdómen (e é mesmo assim…).
Semanas 27 e 28
Em termos de desenvolvimento o bebé deverá atingir cerca de 1kg nestas semanas e 34 a 37cm. Os olhos estarão parcialmente abertos e podem piscar, apesar da cor ser indefinida até cerca dos 9 meses. Todos os órgãos estão em maturação, principalmente o cérebro!
O seu médico iniciará o controlo da espessura do colo do útero e do líquido amniótico, através de ecografia. Estas medidas são essenciais a partir de agora para perceber se tem risco de parto prematuro. Por exemplo, demasiado líquido poderá pressionar o colo a abrir mais cedo e desencadear o parto, assim como pouco líquido poderá ser um sinal de que algo não está bem com o bebé ou com a placenta.
Normalmente estas alterações tratam-se com repouso e alguma medicação. É importante que esteja atenta. Um dos sinais mais comuns que aparece nesta fase são as contrações de treino ou de Braxton-Hicks (podem aparecer mais cedo).
Contrações de Braxton-Hicks: como reconhecê-las
Durante a gravidez é normal sentir contrações sem que isso signifique o início do trabalho de parto. Mas se está na sua primeira gravidez é natural que se sinta um pouco preocupada com esse tipo de contrações, pois pode ser difícil distingui-las das contrações típicas. A maior diferença é que as contrações de treino não são dolorosas!
O que é uma contração?
Uma contração é um aperto dos tecidos do útero, seguido de um relaxamento. Pode detetá-las colocando as pontas dos dedos sobre o abdómen. Habitualmente sentirá uma pressão, a pele a “repuxar” e uma mudança na forma da barriga.
O que provoca as contrações de Braxton-Hicks?
Alguns especialistas sugerem que as contrações de Braxton-Hicks são uma forma de tonificar os músculos do útero e mantê-los em forma para o parto, portanto um treino!
Esse tipo de contrações pode ser sentido desde as 6 semanas de gravidez, mas o mais frequente será surgirem apenas a partir das 16 semanas.
Contrações de Braxton-Hicks vs Contrações do parto
Ao contrário das contrações típicas do trabalho de parto, as contrações de Braxton-Hicks não costumam ser dolorosas, duram menos tempo e não acontecem em intervalos regulares. Para distingui-las poderá seguir essa tabela:
Contrações de Braxton-Hicks | Contrações do parto |
Têm uma duração curta normalmente curta (cerca de 30 segundos) embora possam em alguns casos durar um pouco mais. | Têm uma duração superior (entre 30 e 90 segundos) |
A sua duração não aumenta | A duração aumenta ao longo do tempo |
São geralmente irregulares | São regulares |
O intervalo entre contrações não diminui com o passar do tempo | As contrações são cada vez menos espaçadas entre si |
São geralmente pouco dolorosas | São dolorosas |
Tendem a parar quando muda de posição | Continuam, independentemente do que você faça para tentar aliviá-las |
São leves | São intensas |
Não aumentam de intensidade | Aumentam de intensidade com o passar do tempo |
São sentidas na frente do abdómen e pélvis | Irradiam do fundo das costas para a frente do abdómen |
Em resumo
As contrações de Braxton-Hicks servem para tonificar o tecido muscular uterino e não são motivo para preocupação. No entanto, é preciso saber distingui-las das contrações do parto, pelo que em caso de dúvida deve sempre contactar o seu médico ou então dirigir-se ao hospital. Se estas contrações aumentarem de frequência pode ser sinal de que algo não está bem, por exemplo que tem défice de magnésio, está a ingerir pouca água, que tem excesso de líquido amniótico, ou que está a fazer movimentos/esforços que não são adequados a esta fase da gravidez. Esteja atenta.
Semana 29 e 30
O seu bebé estará com pouco mais de 1kg, mas os seus movimentos são cada vez mais definidos e fortes! Irá senti-lo a virar, a pontapear, a espreguiçar-se! Se pensa fazer uma ecografia 3D/4D esta é a fase ideal, já que o seu bebé é em tudo semelhante a um recém nascido, sendo apenas mais pequeno e mais magro. Estas ecografias permitem ver em tempo real os movimentos do seu “mais-que-tudo”, assim como distinguir as suas feições.
É também por esta fase que deverá fazer a vacina contra a tosse convulsa, acrescentada ao plano nacional de vacinação desde finais de 2016, pela Direção Geral de Saúde. Trata-se de uma vacina combinada contra a tosse convulsa, o tétano e a difteria e deve ser feita entre as 20 e as 36 semanas de gestação, idealmente até às 32 semanas. Após a vacinação, a mãe produz anticorpos e passa-os para o bebé através da placenta, conferindo-lhe proteção passiva até ao início da vacinação, aos 2 meses de idade. A vacina é comprovadamente segura e sem riscos para a grávida e para o bebé.
Quanto ao curso de preparação para o parto, esta é também a fase ideal para o fazer, já que está “mais grávida que nunca”, mas ainda se sente ágil e motivada para aprender 😉 Mesmo que não seja a sua primeira gravidez, é importante que o faça, pois as normas e boas práticas estão constantemente a evoluir e esta é a forma ideal para aprender. Habitualmente são lecionados por enfermeiras especialista em saúde materna e obstetrícia, que não só a irão tranquilizar acerca de muitos assuntos, como lhe irão transmitir estratégias simples como massajar o seu bebé, como ser massajada durante o trabalho de parto, quais os cuidados de higiene que deve ter, com que frequência, que “cadeirinha” escolher, entre muitos outros temas.
Pode optar por fazê-lo no seu centro de saúde (gratuito) ou a nível particular. Pessoalmente foi-me recomendado por uma amiga o Centro Pré e Pós Parto de Entrecampos, que disponibiliza além do curso, uma série de workshops e recursos de apoio antes e após o parto. Mais do que uma aprendizagem, foi muito tranquilizador, permitiu-me “descomplicar”, sistematizar, organizar prioridades e encarar tudo neste percurso como natural. Se antes me questionava e temia “quantos cremes?” “quando lavar?”, “deitar com ou sem almofada?”, “quando ir para o hospital?”, agora sinto-me tranquila acerca destes assuntos. Afinal informação é poder!
Sintomas:
Nesta fase os sintomas da gravidez são decorrentes do crescimento do feto:
- Micção frequente diurna e noturna
- Inchaço nos membros inferiores/ má circulação
- Prisão de ventre
- Digestão mais lenta e alguma azia
- Cansaço
- Dor nas costas
- …
Enfim nada que não possa tolerar pelo seu bebé!
No 3º trimestre o aumento do peso materno deve ser mais visível, considerando-se adequado entre 200 a 500g/semana, dependendo do peso anterior à gravidez:
Quanto à alimentação, é normal que o seu estômago não tolere tanta quantidade de comida como antes, pois está cada vez mais comprimido pelo útero. Opte por refeições leves, de fácil digestão de 2 em 2horas ou no máximo de 3 em 3horas. Não se esqueça da hidratação, garantindo pelo menos 1,5l de água/dia e de se manter ativa (caminhar, nadar, ou outro exercício sem impacto.
Já a suplementação deve continuar com o multivitamínico, ou o seu médico poderá achar necessária uma suplementação extra em ferro (prevenção da anemia) e em magnésio (prevenção das contrações).
Voltarei em breve com o 8º mês!