Quando o “saudável” é demais
Como vai caro leitor?
Publiquei há poucos dias no facebook do blogue um artigo sobre o perigo da obsessão pela comida saudável, chamada ortorexia nervosa. Este é um assunto da maior relevância, uma vez que, ultimamente a divulgação dos “sumos detox”, “crudivorismo”, “dietas paleo” e outras “tendências nutricionais” têm aumentado.
A ortorexia nervosa ou “doença da alimentação saudável”, recebe o seu nome da palavra grega orthos, ou seja, em «linha reta, bom ou correto”. Este foco exagerado nos alimentos observa-se hoje em algumas pessoas que seguem “tendências alimentares” tais como “crudivorismo”, “detox” e “paleo”.
Foi em 1997 que o médico americano Steven Bratman registou o termo “ortorexia nervosa“, depois de ele próprio ter experienciado a doença.
Atualmente a ortorexia nervosa caracteriza-se por uma obsessão patológica com uma nutrição adequada, por uma dieta restritiva com “rituais” de alimentação e por uma evicção rígida de alimentos julgados não saudáveis ou impuros, com o objetivo de atingir uma “saúde ótima” ou prevenir doenças. Contudo, esta rigidez leva frequentemente a desequilíbrios nutricionais, baixa qualidade de vida e mesmo a complicações clínicas. Os estudos mais atuais sugerem que pode ser tratada através de terapia comportamental cognitiva, educação alimentar e medicação (fonte).
Como se distingue a ortorexia da simples preocupação com a saúde?
- Tristeza ou angustia por comer um alimento que pense ser “menos saudável”.
- Ficar ansioso pelos legumes, a fruta, as sementes, estarem a terminar.
- Só comer em casa, onde controla totalmente aquilo que come.
- Contabilizar exatemente todas as calorias e nutrientes ingeridos.
- Não se permitir ingerir um alimento julgado “menos saudável”.
- Analisar pormenorizadamente cada alimento e ingrediente.
- Isolar-se para comer apenas aquilo que sabe ser saudável.
Tais comportamentos podem ter um impacto muito negativo sobre as relações com a família e amigos, mas também sobre o emprego e todo o contexto social.
Apesar da ortorexia nervosa não ser ainda considerada uma doença do comportamento alimentar, tal como anorexia e bulimia nervosas, têm surgido cada vez mais estudos que a aproximam dessas doenças psiquiátricas. Em termos epidemiológicos, os estudos mais recentes sugerem um prevalência de 6,9% na população em geral e 35 a 57,8% em grupos de alto risco, como profissionais de saúde, do exercício e em artistas (fonte).
Conclusão
Este é um artigo de alerta.
Lembre-se que é no meio que está a virtude.
Se formos demasiado obsessivos com a alimentação, na sua qualidade, no seu tratamento, na higienização e nunca nos permitirmos um alimento menos saudável, é provável que os níveis de ansiedade subam a ponto de desenvolver uma alteração psicológica.
A responsabilização pela nossa própria saúde é fundamental nos dias de hoje, porém quando para tal se usam métodos rígidos, podemos estar já a passar a barreira para a doença (mental).
Se se identifica com este texto e com as frases aqui descritas procure o seu médico, nutricionista ou psicólogo, para que o ajudem a ultrapassar a situação.