Vegetariano OU Flexitariano ?
Estamos no mês da Sustentabilidade! Tema que escolhemos a propósito do Dia Mundial da Alimentação, data que visa alertar o Mundo para as desigualdades no acesso a alimentação saudável, mas também para a sobre-exploração do Planeta para fazer face a esta demanda!
Ao longo do mês falamos sobre a necessidade de comermos menos carne e escolhermos melhor o que comemos, não só com base no alimento, mas também na sua pegada ecológica. Já referimos o padrão de Dieta Mediterrânica como um exemplo no que toca a sustentabilidade, mas será que vale a pena ser Vegetariano para proteger o planeta? Vamos descobrir!
Alimentação Sustentável
A sustentabilidade é um conceito complexo que envolve muito mais do que "a comida do prato": envolve os processos de produção, transporte, transformação, eliminação de resíduos, área de solo ocupada, recursos hídricos, impacto no solo, emissão de poluentes, entre outros aspetos. Mas,a um nível individual, ter uma alimentação sustentável significa "baixo impacto no meio ambiente e, em simultâneo, uma relação positiva com a saúde". Pensando na dieta ocidental, isto quer dizer: redução do consumo de carne, fast-food e produtos industrializados, e, por sua vez, aumento no consumo de frutas, verduras, legumes e cereais integrais.
Padrão Alimentar Vegetariano
O padrão alimentar vegetariano tem ganho cada vez mais adeptos não só por questões de saúde mas também pela parte ambiental e pelo respeito animal. Baseia-se na exclusão de produtos de origem animal e na inclusão de produtos de origem vegetal, como a fruta e hortícolas, cereais integrais, leguminosas, sementes, frutas oleaginosas. A alimentação vegetariana divide-se em três grandes grupos:
- Ovo-lacto-vegetariano: permite ovos e lacticínios, exclui carne, peixe, aves;
- Lacto-vegetariano: permite lacticínios, exclui carne, peixe, aves e ovos;
- Vegano: exclui carne, peixe, aves, ovos e laticínios. Está associado também a um estilo de vida que não inclui por exemplo, cosméticos e vestuário derivados e testados em animais.
Para além destes, existem ainda os flexitarianos:
Flexitarianismo
O flexitarianismo (ou semivegetarianismo, como alguns lhe chamam) mistura os conceitos de vegetarianismo e flexibilidade e representa uma forma simples de comer melhor e ser mais sustentável, sem cortar definitivamente com nenhum tipo de alimento. A dieta flexitariana consiste apenas em comer menos vezes carne e peixe, privilegiando ingredientes de origem vegetal e deixando os de origem animal para ocasiões pontuais. A ideia é ter uma alimentação quase vegetariana mas com algumas excepções e, portanto, uma maior flexibilidade.
É sustentável ser vegetariano?
Em Portugal, cerca de 764 mil pessoas têm uma dieta maioritariamente à base de vegetais, sendo que este número quadruplicou em apenas 10 anos (de 2007 para 2017).
Motivados por várias razões, a verdade é que seguir um padrão alimentar com base em vegetais pode ser a solução para diminuir a pegada ecológica portuguesa que é bastante elevada (cerca de 4,5 hectares por pessoa), em contraste com os 1,3 hectares produtivos por pessoa! O que significa que estamos a consumir muito para além das capacidades.
Para se produzir 1kg de carne são necessários 15,500 litros de água e 7,9m2 de solo.
Para se produzir 1L de leite são necessários, 1000L de água e 10,6 kg.
Já para produzir 1kg de cereal, são necessários apenas 1300L de água, e 1,5m2 de solo.
Outra preocupação associada ao consumo de proteína animal é a emissão dos gases com efeito estufa, visto que a produção de carne e laticínios é responsável por cerca de 60% da emissão destes gases.
No entanto, um dos principais substitutos dos produtos de origem animal, a soja, tem sido apontado como um dos alimentos menos sustentáveis e levantado alguma controvérsia:
Cerca de 80% da soja é produzida pelos Estados Unidos, Brasil e Argentina e está associada à desflorestação da floresta da Amazónia. No entanto, a maioria desta soja (80%) não é produzida para consumo humano mas sim para servir como ração animal.
Do ponto de vista nutricional, a adoção de uma alimentação vegetariana parece estar associada a uma melhoria do perfil lipídico e do índice de massa corporal, e consequentemente, a uma menor incidência de doenças cardiovasculares.
Por outro lado, a alimentação vegetariana e, principalmente vegan, pode acarretar carências nutricionais, nomeadamente, de proteína, ómega-3, vitaminas B12 e D, zinco, ferro, iodo e cálcio.
No entanto, se bem planeada e estruturada, a alimentação vegetariana consegue fornecer todos os macro e micronutrientes necessários e pode ser uma solução para melhorar a sua saúde e o futuro do planeta.
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Não há dúvida! Vale a pena SIM mudar o seu padrão alimentar para um menor consumo de carne e um maior consumo de peixe, cereais, leguminosas e vegetais. Pela sua saúde e pela saúde do planeta.
Mas não o faça sozinho! Consulte um nutricionista que auxilie nesta transição, que acompanhe as análises clinicas e defina a suplementação adequada, caso necessário.