Alergias e Intolerâncias Alimentares na Infância
Este é um assunto que muito preocupa pais e cuidadores, por isso não podíamos deixa-lo “de fora” no mês da criança.
Apesar de serem ambas “reações alimentares adversas”, as alergias e as intolerâncias alimentares apresentam algumas diferenças. Vamos conhecê-las!
Em Portugal a SPAIC – Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica é a maior associação científica nacional que agrega especialistas médicos (principalmente Imunoalergologistas), investigadores e técnicos dedicados ao estudo da alergia, asma e imunologia clínica.
Alergia Alimentar
Intolerância Alimentar
Um exemplo clássico... é o LEITE!
Que tanto pode causar intolerância, pela incapacidade digestiva de produzir o enzima lactase para digerir o seu açúcar natural – a lactose! Como pode causar alergia através da reação imunológica desencadeada pela sua proteína.
Saiba mais em…
Para além do leite de vaca, os alimentos mais propensos de provocar reações alimentares adversas são:
- Ovo
- Peixe e Marisco
- Amendoim e frutos de casca rija (como as nozes)
- Soja
- Trigo
Sintomas: Alergia Vs. Intolerância
Os sintomas das alergias alimentares podem ocorrer de forma isolada ou combinada e podem incluir manifestações…
- Cutâneas (pele e mucosas),
- Respiratórias
- Gastrointestinais,
- Cardiovasculares.
As manifestações clínicas podem variar de moderadas a graves e podem, inclusivamente, ser fatais.
Já os sintomas das intolerâncias alimentares compreendem principalmente sintomas do sistema gastrointestinal, mas não só:
- flatulência,
- distensão abdominal,
- Azia, enfartamento e digestão lenta,
- obstipação ou diarreia,
- cefaleias,
- fadiga,
- dores nas articulações.
O aparecimento de sintomas pode depender da dose ingerida, não colocando em risco a vida humana.
Por sua vez, a rapidez de resposta também difere: enquanto que os sintomas da alergia alimentar são rápidos (entre minutos até 2h após exposição ao alergénio), na intolerância alimentar estes aparecem de forma mais gradual, podendo manifestar-se após dias de sobrecarga, ou seja, por um efeito cumulativo.
Diagnóstico: Alergia Vs. Intolerância
O diagnóstico de alergia alimentar faz-se através de uma correta história clínica, acompanhada de exames complementares de diagnóstico, como são exemplo:
- Testes cutâneos
- Análises sanguíneas
- Exames endoscópicos (no caso das doenças alérgicas do aparelho digestivo)
- Prova de provocação oral alimentar para identificar qual o alimento implicado
Já o diagnóstico da intolerância alimentar é feito através da restrição de certos alimentos e observação de persistência ou desaparecimento de sintomas, numa perspetiva de “tentativa e erro”.
Os testes de intolerância alimentar atualmente disponíveis no mercado, sejam por colheita de amostra de sangue ou outro método, não são recomendados pelas autoridades competentes, por se demonstrarem pouco precisos e fiáveis.
Leia AQUI o parecer da SPAIC sobre os testes de intolerancia alimentar.
Assista ainda o vídeo no nosso canal de youtube!
Como prevenir?
Estudos recentes apontam para que a introdução precoce de alimentos (mas nunca antes dos 4-6 meses) com elevado potencial alergénio poderão diminuir a probabilidade de alergias alimentares, no futuro, mas deverá ser sempre acompanhado pela opinião do profissional de saúde de referência.
Quando introduzir o alimento potencialmente alergénico, deverá ter alguns cuidados, nomeadamente:
- Se possível, manter a amamentação durante a introdução alimentar
- A partir do momento em que os alimentos alergénicos são introduzidos, manter o seu consumo regularmente (pelo menos 1 vez por semana)
- Dar os alimentos alergénicos ao bebé (em vez de ser ele a auto-alimentar-se) de forma a evitar reações que possam ser facilmente confundidas com reações alérgicas, por exemplo, irritações na pele porque o bebé esfregou o alimento na cara
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Como tratar?
O tratamento das alergias e intolerâncias alimentares passa pela evicção dos alimentos que as provocam: isto é, evitar todo e qualquer alimento que tenha o alergénio na sua composição.
Uma correta leitura dos rótulos é crucial para se identificar a presença de alergénios em alimentos que, à partida, não os teriam, em especial, nos alimentos processados. Por exemplo algumas marcas de fiambre têm glúten na sua composição!
O Regulamento EU Nº1169/2011 de 25 de outubro prevê que as substâncias que provocam alergias terão de ser incluídas na lista de ingredientes e destacadas para que sejam facilmente identificadas, assim normalmente estas substâncias aparecem realçadas através de cores ou por estarem a negrito, no final da lista de ingredientes.
De forma a garantir uma alimentação saudável e equilibrada, estes alimentos deverão ser substituídos por outros nutricionalmente semelhantes, mas sem o alergénio presente. Para que não haja défices nutricionais, ou se desenvolvam fobias alimentares, stress e ansiedade nos cuidadores e na criança, é essencial o acompanhamento pelo nutricionista.
Se após ler este artigo se identifica com alguns destes sintomas, pfv procure ajuda para Si ou para o seu filho. Ter constantemente a barriga inchada, ter “borbulhinhas na pele”, andar sempre com “pingo no nariz”, não são “coisas de criança” a normalizar! Se o seu filho se queixa constantemente de indisposição, se não evacua ou tem diarreia, se evita alimentos até pelo cheiro, peça ajuda!
E descubra na próxima publicação quais as alternativas mais adequadas ao leite de vaca em idade pediátrica!