Determinantes do comportamento alimentar (1)
Como vai caro leitor?
Apresentamos hoje a 1ª parte de 3 artigos sobre “peso” e comportamento alimentar:
Parte 2 –Determinantes do comportamento alimentar (parte2)
Parte 3 – Determinantes do comportamento alimentar (parte 3)
Pois bem, o peso… essa medida de massa que tanto preocupa e traumatiza o ser humano. Primeiro, há que desmistificar esta questão. Nós não somos o nosso peso, nós temos um peso/ massa. O peso em kg é a soma de tudo o que nos compõe: líquidos (plasma /sangue/ linfa), orgãos, músculos, ossos, gordura, conteúdo alimentar/fecal. Não é por acaso que o nosso peso varia bastante ao longo do dia e que antes da menstruação as mulheres ficam mais pesadas, ou mesmo com a subida da temperatura do ar! Tudo isto é o resultado do que “entra”, “é consumido” e “sai” do nosso organismo. Para além disso, duas pessoas com o mesmo peso podem ter composições corporais totalmente distintas. Portanto, o que realmente interessa não é o peso, mas sim a massa gorda e a sua distribuição (andróide/ ginóide). O peso é uma medida bastante imprecisa do nosso corpo, então, preocupe-se antes com a massa gorda.
A composição corporal em massa gorda (%) é definida por faixa etária e género, existindo tabelas com intervalos percentuais recomendados. Pode fazer AQUI uma estimativa da sua massa gorda. Ainda assim, esta avaliação deve ser feita através de técnicas mais específicas e precisas. A mais comum, utilizada pela maioria dos profissionais em consulta, são as bioimpedâncias elétricas (tetrapolares).
Deste modo, daqui em diante, só se falará em massa gorda, como medida significativa com impacto na saúde, e não em peso. Mas, então…
O que determina a massa gorda?
– Fatores biológicos/ genéticos:
Todos nós estamos geneticamente determinados a ter X de massa gorda, assim como a ter a cor dos olhos Y e do cabelo Z. Isto é, os nossos genes influenciam:
- O metabolismo
celular (células com maior dispêndio energético ou “acumuladoras”). - A produção de hormonas (da tiróide, do apetite, da absorção e metabolismo dos nutrientes…).
- A distribuição da gordura corporal (que vai mudando ao longo do tempo).
- Etc…
Ainda assim, estima-se que os genes contribuam em 25 a 40% para a obesidade. Recentemente, algumas mutações genéticas foram associadas à obesidade, entre os quais: as mutações no gene da leptina, no recetor da melanocortina-4, na enzima de clivagem da cadeia lateral do colesterol e no PPAR gama, um factor de transcrição.
Então isto significa que 60 a 75% prevalência de obesidade pode ser explicada por que outros fatores?
– Fatores ambientais:
- O ambiente e a biologia:
Sabe-se que a obesidade surge como uma consequência da regulação entre a obtenção, o gasto e o armazenamento de energia (balanço energético). O aumento nas taxas de obesidade reflete um estado de “balanço energético positivo” (ingerimos mais do que gastamos).
Entre os atuais hábitos alimentares, os adoçantes ricos em frutose já foram citados como um dos elementos responsáveis pela epidemia da obesidade. Contudo, é difícil “culpar” um ou dois fatores. O facto é que a alimentação, hoje em dia, é rica em gorduras, açúcares, tem alta densidade energética (quilocalorias por peso do alimento), e a comida está amplamente disponível, de forma barata e em grandes porções! Para piorar, a obesidade induzida por excesso de gordura, depois de estabelecida por determinado tempo, torna difícil a perda de peso, mesmo com dietas hipocalóricas. Mesmo conseguida a perda de peso, é comum observar-se o rápido retorno do peso, pois durante a condição de obesidade dão-se diversas alterações metabólicas:
– Fatores psicológicos/ comportamentais: