Desperdício alimentar zero, é possível?
É em Outubro que anualmente se comemora o dia Mundial da Alimentação, a dia 16. Data esta que marca o dia da fundação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 1945.
A missão principal deste Dia visa chamar a atenção do mundo para a necessidade de termos uma alimentação mais sustentável, por razões ambientais, mas também para combater o desperdício alimentar enquanto milhões de pessoas ainda passam fome.
Por isso decidimos nomear Outubro como o mês da Alimentação saudável e da Sustentabilidade, dedicando-lhe novas publicações semanais e receitas, para demonstrar que é possível e que as escolhas alimentares individuais fazem a diferença!
Cadeia de Produção
Até um alimento chegar à nossa mesa passa por diferentes etapas: produção, transporte, comercialização e confeção/preparação. Estas etapas implicam perdas alimentares, mais precisamente, cerca de um terço dos alimentos são desperdiçados nestes processos.
Desperdício doméstico
Em Portugal, estima-se que, por ano, cerca de 100-132 kg de alimentos sejam desperdiçados por cada habitante, sendo que um terço deste desperdício acontece nas nossas cozinhas.
As perdas alimentares e o desperdício alimentar são responsáveis pela emissão de 8% dos gases de efeito de estufa, isto porque, quando são depositados no lixo, emitem gás metano ao decomporem-se no aterro sanitário.
Para além disto, estes alimentos que são desperdiçados também gastam recursos como a terra ocupada e a água utilizada. Mais especificamente, estes alimentos ocupam cerca de 30% de terreno agrícola e são gastos 66 triliões de água para a sua produção.
O desperdício alimentar representa ainda um problema social, tendo em conta a quantidade de pessoas que passam fome todos os dias.
Desperdício X Fome
Em Portugal são desperdiçados, todos os anos, cerca de 1 milhão de toneladas de alimentos, que poderia alimentar os cerca de 360 mil portugueses com carências alimentares.
Se já conseguimos prender a sua atenção e quer saber como pode contribuir para o não-desperdício alimentar, continue a ler:
- Reaproveite as sobras das refeições para levar para o almoço do dia seguinte ou para congelar para futuras refeições;
- Adira a apps que permitem comprar refeições confecionadas por restaurantes que ainda estão em perfeitas condições mas já não podem ser servidas e que apresentam um custo substancialmente inferior do que se fossem compradas no próprio restaurante (por exemplo, a Too Good to Go ou a Phenix);
- Adira a iniciativas que privilegiam o consumo de vegetais e fruta que não têm tão boa apresentação para serem colocados em prateleiras de supermercados mas que são perfeitamente aptos a consumo (por exemplo, a Fruta Feia);
- Esteja atento às etiquetas nos supermercados que indicam que o produto está quase a passar do prazo e, por isso, é vendido mais barato. Podem ser um excelente investimento, mas não vale a pena se os levar para casa e se esquecer deles no frigorífico;
- Aproveite partes de alimentos que normalmente são desperdiçadas (por exemplo, as ramas das cenouras ou as folhas dos brócolos para fazer sopa);
- Organize o frigorífico de forma a que os alimentos perecíveis e com menor data de validade fiquem mais visíveis;
- Os prazos de validade não são todos iguais: a designação “consumir até…” indica que o alimento NÃO pode ser consumido depois da data uma vez que pode representar perigo para a saúde, já se estiver escrito no alimento “consumir de preferência antes de…/antes do fim de…” isto quer dizer que o produtor só consegue garantir as especificidades daquele alimento (por exemplo, a consistência) até aquela data, mas não significa que o alimento represente perigo para a saúde. Teste primeiro antes de consumir e se nada se alterou (o aspeto, cheiro, sabor), poderá ser consumido;
- Faça sempre uma lista de compras antes de ir ao supermercado para garantir que só compra o que precisa;
- Considere a compostagem (isto é, a transformação de resíduos orgânicos em composto que poderá ser uma alternativa aos fertilizantes químicos). Já existem várias iniciativas tanto individuais como comunitárias para começar a compostar. Basta estar atento!
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Compostagem doméstica