Alimentação do bebé

Como vai cara leitora?

Voltamos à nossa categoria Gravidez & Maternidade para inaugurar os artigos sobre alimentação na 1ª infância.

Primeira Infância

Período que compreende o nascimento e os primeiros seis anos de vida da criança.

 

Introdução

A alimentação é um evento primário na vida do bebé e da criança pequena. É um foco de atenção para os pais/cuidadores e uma fonte de interação social, através da comunicação verbal e não verbal.

A experiência de se alimentar oferece não apenas sustento, mas também oportunidades de aprendizagem. Afeta não só o crescimento físico e a saúde da criança, mas também o seu desenvolvimento psicossocial e emocional.

A relação alimentar é afetada pela cultura, pelo estado de saúde e pelo temperamento da criança.

O componente essencial do comportamento alimentar na infância é a relação entre a criança e seu cuidador principal. Os três primeiros anos de vida constituem um desafio especial, uma vez que as habilidades e necessidades alimentares das crianças modificam-se com o desenvolvimento motor, cognitivo e social:

Do nascimento até os 3 meses:

No primeiro estadio de auto-regulação e organização, a criança integra as experiências de fome e de saciedade, desenvolvendo padrões alimentares regulares.

Do 3 aos 7 meses:

No segundo estadio, o bebé e o cuidador criam um apego que lhes permite comunicar. O bebé desenvolve comportamentos  de confiança e de auto-apaziguamento.

Dos 7 aos 36 meses:

No terceiro estadio, aos poucos,  a criança “separa-se” emocionalmente do cuidador e descobre um senso de autonomia ou independência, utilizando as suas habilidades motoras e linguísticas emergentes para controlar o ambiente e estabelecer a alimentação independente.

Saiba mais em Comportamento alimentar de bebês e crianças pequenas e seu impacto sobre o desenvolvimento psicossocial e emocional da criança.


 

Quando iniciar a diversificação alimentar?

Atualmente, as principais organizações mundiais como a Organização Mundial de Saúde (OMS), a American Academy of Pediatrics (AAP) e European Society for Paediatric Gastroenterology Hepatology and Nutrition (ESPGHAN) são unânimes ao recomendar o aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses.

A evidência científica tem demonstrado benefícios para a saúde com o aleitamento materno exclusivo durante os primeiros 6 meses de vida. A partir desta idade o volume de leite ingerido é insuficiente, não sendo possível suprir adequadamente as necessidades energético-proteicas e em micronutrientes (principalmente ferro, zinco, vitaminas A e D). É assim necessário diversificar a alimentação a partir dos 5-6 meses de vida, tendo em conta aspetos nutricionais e de desenvolvimento do bebé, de modo nutri-lo adequadamente e a permitir uma transição entre a alimentação láctea exclusiva e a alimentação familiar.

Para bebés em aleitamento misto (materno+formula infantil) ou apenas com fórmula infantil, considera-se segura a introdução de alimentos a partir dos 4 meses de idade, período a partir do qual o bebé ganha uma maior estabilidade maxilar e do pescoço e o padrão primitivo de sucção começa a modificar-se.


 

Preferências alimentares precoces

Sabe-se que os bebés têm preferências inatas por sabores doces e salgados, rejeitando os amargos e ácidos! Estas preferencias são resultado de “defesas” evolutivas contra venenos e substâncias tóxicas, dos animais em natureza.

Contudo, o bebé humano, não sendo independente nas escolhas alimentares de uma forma precoce e dependendo totalmente dos seus cuidadores, pode (e deve) ser influenciado nas suas preferencias. Vamos saber como:

Os botões gustativos estão completamente formados no feto pela 15ª semana de gestação e pela 25ª já parece haver neurónios olfativos funcionais. Assim o feto está precocemente equipado para reconhecer sabores voláteis da dieta materna, entretanto transferidos para o líquido amniótico, quer através da deglutição, quer através da inalação deste. Esta capacidade de reconhecimento precoce de sabores presentes na dieta da grávida traduz-se em níveis de aceitação mais fácil dos mesmos, aquando da diversificação alimentar!

Outros estudos, comprovam a passagem de sabores da alimentação da mãe para o leite, conferindo ao bebé amamentado uma maior capacidade para se adaptar à diversificação alimentar, nomeadamente a sabores de frutos e vegetais consumidos pela mãe!

Assim, não fazem sentido as restrições alimentares (sobretudo quando incluem alimentos saudáveis) a que as mães que amamentam se impõem, por motivos variados, que vão do medo das alergias, à hipotética possibilidade de determinado alimento ingerido ser factor de cólicas no bebé! A capacidade do bebé aceitar novos sabores, principalmente amargos ou ácidos (vegetais e frutas) vai aumentando gradualmente à medida que se vai familiarizando com esse sabor e muitas vezes são precisas em média 11 tentativas para finalmente ter sucesso, pelo que se deve encorajar a persistência na oferta alimentar.

Em resumo, quer que o seu bebé coma de tudo sem birras? Alimente-se de forma saudável, equilibrada e variada desde a gravidez até ao aleitamento!

 

Como começar?

Já vimos que, devido a exigências nutricionais ou inerentes ao desenvolvimento neurosensorial, motor e social do bebé, a partir dos 4-6meses, deverá proceder à introdução de alimentos que não o leite e de textura progressivamente menos homogénea, até à inserção na dieta familiar, que deverá ocorrer a partir dos 12 meses de idade.

A cronologia da introdução dos diferentes alimentos não pode ser rígida e deve ter em consideração uma série de fatores de ordem social e cultural, tais como costumes de cada região, questões socioeconómicas, temperamento da criança, disponibilidade do agregado familiar e ainda particularidades do bebé (ex. atopia, alergias alimentares, patologia específica, etc).

O bebé vai então passar de um alimento completo de fácil digestibilidade – o leite – para alimentos com outras constituições nutricionais (sopa ou papas), que exigem adaptação em termos digestivos e hormonais (ex. produção de insulina).

Assim, deve aconselhar-se com o seu pediatra sobre quando/quais os alimentos que deve introduzir ao seu bebé. Mas de uma forma geral podemos resumir as seguintes linhas orientadoras:

  • O leite materno em exclusivo até aos 6 meses é o alimento recomendado para todos os bebés.
  • A mulher que amamenta deve manter uma dieta saudável, variada e equilibrada. Através do leite materno, o bebé irá experimentar novos sabores, preparando a etapa da introdução de outros alimentos.
  • Se não for de todo possível manter a oferta de leite materno, este deve ser substituído por uma fórmula infantil aconselhada pelo seu médico.
  • Seja qual for o tipo de leite, outros alimentos devem ser iniciados o mais próximo possível do 6º mês de vida: nunca antes dos 4 meses, nem depois dos 6 meses e meio.
  • O puré de legumes, a papa de cereais, afruta, a carne, o peixe, o arroz e as massas, a gema e a clara de ovo, o iogurte e as leguminosas serão oferecidos de forma gradual e sem forçar entre os 6 e os 12 meses de vida.
  • Dos 6 aos 12 meses, a oferta de leite deve ser mantida (preferencialmente o leite materno ou se necessário fórmula infantil) – cerca de 500 ml por dia. O leite de vaca, meio gordo ou gordo, nunca deve ser iniciado antes dos 12 meses.
  • Oferecer alimentos progressivamente mais consistentes irá estimular a aprendizagem da mastigação.
  • Não oferecer frutos secos inteiros ou porções de comida que possam causar engasgamento ou asfixia.

 

Neste cronograma poderá observar de uma forma simples, a introdução dos alimentos ao longo do tempo:


A nossa experiência com o bebé D.

O D. foi exclusivamente amamentado até aos 5 meses. A partir desse momento e com o início do trabalho, discutimos com a pediatra a possibilidade de iniciar a diversificação alimentar. Assim fizemos.

Começámos com a primeira sopa de base simples (batata doce, cenoura, alho francês, fio de azeite), mais 1 fruta cozida (maçã). No total de 1 concha de sopa e uma maçã pequena, ao almoço. O D. adorou! Estava totalmente familiarizado com os sabores e adaptou-se muito bem à colher (uma novidade total), abrindo a boca a cada colherada. Foi um sucesso! As restantes refeições continuaram de leite materno (à mama ou biberão).

Porém, nem tudo foi “rosas”. Primeiro revés: apenas com o leite, o D. tinha um trânsito intestinal regular, sem cólicas. Ao iniciar a alimentação, as fezes ficaram duras e passou 2 dias sem evacuar, cheio de gases e dores. Fizemos massagens, estimulámos, mas nada… Resultado: tivemos de suspender a sopa por 3 dias, voltando apenas ao leite materno até o intestino normalizar.

À segunda tentativa mudámos os ingredientes da sopa: agora batata doce, abóbora, curgete, alho francês e fio de azeite. A fruta na 2ª semana passou a pêra. Desta vez tudo correu bem! Mais uma vez adorou e o intestino voltou a regular!

Entretanto, devido à necessidade de suplementação em ferro, iniciámos um lanche de papa não láctea, preparada com leite materno (que ele também adorou). Após ampla pesquisa no mercado pelas papas de melhor qualidade, decidimos iniciar a Cerelac 1ª papa Milho e Arroz, cujas principais características são:

  • Cereais Sem Glúten, nutricionalmente completos e enriquecidos com Imunonutrientes(Ferro, Zinco, Vitaminas A, B1 e C).
  • Cereais Hidrolisados Enzimaticamente, permitindo um sabor suave e uma preparação rápida, sem grumos.
  • ​Bifidus BL, CERELAC é a única papa com Bifidus BL. ​
  • Mais de 50% dos valores de referência diários*, de:
    • Ferro, que contribui para o desenvolvimento cognitivo normal do bebé.
    • Iodo, que contribui para o crescimento normal do bebé.
  • Sem adição de açúcares, contendo apenas os açúcares naturalmente presentes.

Lista de ingredientes:

Farinhas 97,3% (arroz hidrolisada, milho), óleo de girassol, substâncias minerais (carbonato de cálcio, fumarato ferroso, sulfato de zinco, iodeto de potássio), vitaminas (C, E, PP, B1, A, B6, ácido fólico, D), cultura de bifidobactérias, aromatizante (vanilina).

Simples, ou com fruta triturada, o D. adorou e contribuiu bastante para a regularização dos seus intestinos.

Quanto à água, deve ser fervida ou engarrafada (pouco mineralizada) e oferecida entre refeições. É normal os bebés não a “adorarem” ao primeiro contacto, contudo, devemos insistir e estimular.

Está tudo a correr bem e o bebé D. a crescer saudável e feliz 🙂

Após os 6 meses introduziremos as carnes na sopa e experimentaremos as papas caseiras, mas este é tema para o próximo artigo!

Até breve!