Os aditivos alimentares: E’s

Hoje vamos falar-lhe sobre um assunto que parece ser do conhecimento geral, mas que passa um pouco

despercebido. Em parte porque “as pessoas” não sabem o que são exatamente isso dos “E’s”.  Serão “bons”, “maus”, úteis são com certeza, ou seria impossível ter prateleiras cheias de produtos não refrigerados. Ou seja, sempre que encontra um produto alimentar que contém mais de 1 ingrediente então é provável que tenha alguns E’s! Passamos a explicar:

Definição de Aditivo Alimentar

O aditivo alimentar é uma substância de origem natural ou sintética, com ou sem valor nutritivo, adicionada intencionalmente durante o fabrico, transformação, preparação, tratamento, acondicionamento, transporte ou armazenamento de um produto alimentar. Não é habitualmente consumido de forma isolada nem utilizado como ingrediente característico da alimentação. Tem uma função tecnológica ou organolética precisa e permanece no alimento sob a forma inicial ou sob a forma modificada. Torna-se, portanto, direta ou indiretamente, um composto cuja presença no produto final é desejada. Noutros termos, os aditivos são substâncias intencionalmente adicionadas aos alimentos com o objetivo de conservar, intensificar ou modificar as suas propriedades, desde que não diminuam o seu valor nutritivo para lhe melhorarem determinadas características, como a cor, o sabor, a durabilidade ou a consistência. Os aditivos distinguem-se dos auxiliares tecnológicos, adicionados para facilitar o fabrico, cuja presença no produto final não é desejada, mas é inevitável. Os aditivos também não se confundem com os contaminantes, substâncias que não são adicionadas intencionalmente, como os resíduos de pesticidas ou de metais pesados.

Com o desenvolvimento da indústria alimentar na segunda metade do século XX, foram progressivamente introduzidos novos aditivos, de origem natural e artificial, permitindo a produção em larga escala e o transporte de alimentos a grandes distâncias, assegurando que o produto chega ao consumidor com um aspeto atrativo.

Os aditivos utilizados na produção de um determinado alimento devem ser obrigatoriamente discriminados na sua embalagem, incluídos na lista de ingredientes utilizados na sua elaboração. A utilização de aditivos nos alimentos é regulada por legislação própria, tanto em Portugal como em todos os países da União Europeia. Para que possa ser utilizado no processamento de alimentos, qualquer aditivo tem que fazer parte das listas positivas de aditivos alimentares. Estas listas incluem todos os aditivos alimentares autorizados, são específicas para grupo de alimentos e indicam os teores máximos permitidos para cada aditivo.

A autorização dos aditivos é concedida mediante a demonstração da sua inocuidade para a saúde do consumidor através da realização de estudos toxicológicos rigorosos e da demonstração da sua necessidade tecnológica, feitos por autoridades reconhecidas nomeadamente pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), pelo Comité Científico da Alimentação Humana da União Europeia e pelo Comité Misto de Peritos em Aditivos Alimentares da FAO/OMS. 

Depois de autorizados, os aditivos podem ser reavaliados se surgir alguma suspeita sobre a sua inocuidade. A necessidade de harmonizar as normas da indústria alimentar em todo o espaço da União Europeia tornou indispensável identificar de forma inequívoca os diversos aditivos alimentares de utilização autorizada, por serem considerados seguros do ponto de vista da saúde humana.

Assim para referenciar cada um desses aditivos, foi-lhes atribuída a letra E associada a um número de 3 ou 4 algarismos.

Lista de Aditivos

A lista de aditivos é extensa. Pode consultar a lista completa em:

No global, para os distinguir podemos organizá-los nesta lista:
  • E1xx – Corantes;
  • E2xx – Conservantes;
  • E3xx – Antioxidantes;
  • E4xx – Emulsionantes, estabilizantes, espessantes e gelificantes;
  • E5xx – Antiaglomerantes;
  • E620 a E635 – Intensificadores de Sabor;
  • E901 a E904 – Agentes de revestimento;
  • E950 a E967 – Edulcorantes. 
 Depois de ler esta extensa lista de aditivos aprovados pela UE como seguros para a saúde humana deve encontrar-se confuso. Mas afinal são bons ou maus? Depende.
 
   Existem aditivos naturais como os corantes extraídos de plantas, o ácido cítrico (dos citrinos), a antioxidante vitamina C (E300), o próprio sal e açúcar (conservantes). Mas também aditivos sintéticos (não quer dizer que seja maus para a saúde, ou não teriam sido aprovados).

Mas porquê utilizar aditivos alimentares?

Aqui está uma boa pergunta. As vantagens da ingestão de aditivos para o ser humano, em relação à saúde, são questionáveis, mas para os produtores são imensas. Aqui ficam listadas algumas delas:

  • Maior durabilidade dos alimentos (tempo de prateleira) – se o produto se conservar por mais tempo na prateleira do supermercado, menos prejuízo o produtor vai ter;
  • Através da utilização de corantes, para intensificar as cores dos produtos, este ficam mais atrativos e as vendas aumentarão;
  • Aumento da produção graças aos agentes de volume e levedantes;
  • Uniformização das características dos produtos, atendo ao gosto dos consumidores, tornando os produtos mais saborosos, coloridos, etc.;
  • Intensificação dos sabores, apelando mais ao seu consumo;
  • Etc…

Os aditivos alimentares permitiram-nos ter uma disponibilidade de alimentos enorme, tal como vê nas grandes superfícies comerciais. Fomos “nós” que pedimos isto  à indústria alimentar (e continuamos): mais estaladiço, mais saboroso, mais cremoso, menos perecível, diet/light, …

Como escolher o que comprar?

Uma coisa é certa, quantos menos aditivos melhor! Menor trabalho metabólico dará ao seu fígado e rins!

Para saber se um alimento tem muitos E’s, basta ler a sua lista de ingredientes. Como esta se encontra organizada por ordem decrescente, os últimos costumam ser os aditivos. Quanto maior a lista, mais evitável será essa compra.

Alguns E’s têm sido postos em causa por diversas investigações científicas, por isso, atualmente, recomenda-se precaução no seu consumo:

E102 Tartrazina – Corante AmareloLicores, fermentados, cereais, iogurte, gomas, balas, caramelosHiperatividade, asma, eczemas, urticária, insônia
E120 Ácido CarmínicoSidra, bebidas energéticas, gelatina, sorvete, embutidosHiperatividade, asma, eczema e insônia
E124 Corante VermelhoRefrescos, gelatina, gomas, balas, geleias, compotas, bolachasHiperatividade, asma, eczema e insônia, pode causar câncer
E133 Corante Azul BrilhanteLaticínios, balas, cereais, queijos, recheios, gelatina, refrescoPode acumular-se nos rins e vasos linfáticos, provocar hiperatividade, asma, eczemas, urticária, insônia, câncer. É um corante absorvido pelo intestino e pode fazer com que as fezes fiquem verdes.
E621 Glutamato MonossódicoTemperos prontos, massa instantânea, batata frita, snacks, pizza, condimentos, produtos dietEm doses baixas leva a uma maior atividade das células do cérebro e pode destruir os neurônios com rapidez, prejudicando o correto funcionamento do cérebro. Está contraindicado em pacientes com transtorno bipolar, doença de Parkinson, doença de Alzheimer, epilepsia e esquizofrenia.
E951 AspartameAdoçantes, refrigerantes diet, balas, chicletesA longo prazo pode ser cancerígeno. Não deve ser ultrapassada a quantidade de 40 mg/kg por dia.
E950 Acessulfame de PotássioAdoçantes, gomas, sucos de fruta industrializados, bolachas, sobremesas lácteas industrializadasConsumido a longo prazo pode ser cancerígeno.
 
Outros, como  o E100 –  Curcumina, E162 – Vermelho da beterraba, betanina e o E330 – Ácido cítrico, são aditivos naturais extraídos de plantas e podem ser consumidos sem preocupações.
 
Acrescentamos, enquanto nutricionistas, que o E ou lista de E’s mais preocupantes para a nossa saúde e presentes em quase todos os produtos com tempo de prateleira longo, são o açúcar e o sal (conservantes). Como sinónimos de açúcar nos rótulos encontra: açúcar invertido, açúcar mascavado, mel, sacarose, maltose, dextrose, lactose, frutose, glicose ou glucose, xarope de glicose, xarope de milho, e xarope de açúcar amarelo, entre outros xaropes. Já como formas de sal encontra as designações: cloreto de sódio, glutamato monossódico (E621), fosfato de sódio e outras acabadas em “sódio”.
 
  A indústria “não dorme” e está constantemente atenta às preocupações dos consumidores. Com a crescente consciência sobre estas matérias e a preferencia por alimentos mais “naturais”, algumas marcas anunciam em letras destacadas “sem corantes” ou “sem conservantes”. Contudo, a presença de outros aditivos nocivos à saúde, bem como de açúcar, sal ou gordura, continua a ser uma realidade. Significa isto que por “não ter corantes” continua a não ser bom para a saúde.

Considerações finais

Quando substitui um alimento como a fruta por um sumo, uma barrita, um batido, umas bolachas de fruta, é provável que esteja a ingerir um conjunto de aditivos que não contava. Por exemplo, numa barrita de morango, “morango” é apenas o nome, pois o seu conteúdo em fruta pode ser inferior a 5%.

Lembre-se que apesar de aprovados, tudo está em constante mudança. Portanto, o que é verdade hoje, poderá ser diferente amanhã. É por isso que desde a criação das primeiras listas de aditivos aprovados como seguros, já muitos entraram e saíram..

Pela sua saúde compre alimentos frescos, de época, com prazo de validade curto. Não valorize a embalagem colorida, as letras garrafais, mas sim a lista de ingredientes. Esta deve ser curta (ter até 5 nomes) e  ter o mínimo de E’s possível.

Conhecimento é Poder.