Gravidez – Mês 8

Como vai cara leitora?

Estamos de volta para escrever sobre gravidez. Não leu os anteriores? Aqui ficam:

 

Vamos então falar-lhe sobre o 8º mês de gravidez, ou seja, das semanas 31 à 35. 

 

Prematuridade

Sim é a reta final e já há muitos bebés a nascerem por estas semanas, embora sejam considerados prematuros. Falando um pouco sobre prematuridade. Penso que este é um receio generalizado de todas as mães: “que os seus bebés nasçam cedo demais”. Apesar de em Portugal termos uma taxa de mortalidade neonatal quase nula (que bom) e os nossos serviços hospitalares serem excelentes neste campo, como futura mamã, diria que nunca é bom nascer antes do tempo.

Uma gestação de termo tem 40 semanas. Porém, a partir das 37 considera-se que a gestação está completa e que a partir dessa altura o bebé pode nascer a qualquer momento. Atualmente, considera-se como limite da viabilidade as 24 semanas de gestação ou 500g de peso, embora estes indicadores tendam a baixar (chamados bebés milagre).


Classificação da prematuridade

O bebé prematuro pode classificar-se, segundo a idade gestacional, em:

  • Pré-Termo Limiar: Aquele que nasce entre as 33 e as 36 semanas de idade gestacional e/ou tem um peso à nascença entre 1500g e 2500g.
  • Prematuro Moderado: Aquele que nasce entre as 28 e as 32 semanas de idade gestacional e/ou tem um peso à nascença entre 1000g e 2500g.
  • Prematuro Extremo: Aquele que nasce antes de ter completado as 28 semanas de idade gestacional e/ou pesa menos de 1000g. Como consequência desta maior imaturidade, é classificado como grande prematuro e apresenta problemas mais frequentes e mais graves.

 

Características do bebé prematuro

No que se refere ao seu aspeto físico, destacam-se como principais características as seguintes:

  • Tamanho pequeno
  • Baixo peso ao nascer (<2500g)
  • Pele fina, brilhante e rosada, por vezes coberta por lanugo (penugem fina)
  • Veias visíveis sob a pele
  • Pouca gordura sob a pele
  • Cabelo escasso
  • Orelhas finas e moles
  • Cabeça grande e desproporcional em relação ao resto do corpo
  • Músculos fracos e actividade física reduzida (ao contrário de um lactente de termo, um lactente prematuro tende a não elevar os membros superiores e inferiores)
  • Reflexos de sucção e de deglutição fracos ou inexistentes – inadaptação à mama
  • Respiração irregular
  • Dificuldade em regular a temperatura corporal – incubadora.

As principias consequências que os prematuros extremos e moderados podem vir a enfrentar ao longo da vida são: 
– Disfunções sociais, isolamento e baixa auto-estima;
– Distúrbios comportamentais, como imaturidade, impulsividade e distúrbios do sono;
– Problemas “sensoriais”, como aversão a certos gostos e texturas de alimentos e reações anormais a dor;
– Distúrbios de motricidade fina ou grosseira suficientes para interferir no dia-a-dia das crianças, sem que elas tenham diagnóstico de paralisia cerebral;
– Problemas de fala, como discurso lento ou inaudível, em função de danos nas cordas vocais (muitas vezes necessitam de terapia da fala);
– Distúrbios de crescimento e ganho de peso;
– Distúrbios digestivos como vómitos frequentes e prisão de ventre;
– Distúrbios de aprendizagem, por baixa concentração e hiperatividade (especialmente  visível em matemática, ditados e cópias). 

 

Principais causas de nascimento prematuro

  • Diabetes
  • Gravidezes múltiplas
  • Gravidez adolescente
    Tabaco e álcool – causadores de aborto, baixo peso ao nascer, envelhecimento precoce da placenta e parto prematuro
  • Gravidez em mulheres com mais 37 anos
  • Gravidez em mulheres de saúde frágil (ex. com cancro)
  • Tabagismo
  • Toxicodependência
  • Malformações do útero (ex. útero septado, bicórneo)
  • Incompetencia do colo do útero (ex. a abertura do útero para o canal vaginal “abre cedo demais”)
  • Rutura prematura da bolsa “de águas” ou das membranas ovulares
  • Infeções urinárias ou amnióticas
  • Hipertensão arterial durante a gravidez – Pré-eclâmpsia 
  • Incompatibilidade de Rh (fator imunológico sanguíneo)
  • Hepatite B
  • Trauma/acidente

Saiba mais sobre prematuridade no site MSD Saúde e caso passe por esta situação não hesite em contactar a XXS – Associação Portuguesa de Apoio ao Bebé Prematuro.


Percentis de crescimento fetal das 28 às 40 semanas

Semanas 31 a 35 – a última ecografia

 

Pois bem, em termos clínicos, até às 33 semanas o seu médico irá pedir-lhe a 3ª e última ecografia da gravidez, acompanhada pelas análises do 3º trimestre. Esta permite-nos:

Basicamente queremos ver se o bebé está crescido, se a placenta o está a nutrir e em que posição está 🙂

 

Nesta fase o bebé estará bastante mais pesado (cerca de 2kg), somando com o líquido amniótico e com o peso do útero, resultará em todos os sintomas e desconfortos que poderá sentir. Os principais são:

  • Digestão lenta e azia (sensação de estômago muito pequeno)
  • Falta de ar, respiração “curta” (pela compressão do diafragma)
  • Dores nas costas, ancas e membros inferiores
  • Alteração do trânsito intestinal (está tudo tão aconchegado!)
  • Circulação mais lenta e acumulação de líquidos (edema, em especial nas mãos, pernas e pés, mas também na face)
  • Parastesias ( dormência, formigueiros, em especial nas extremidades)
  • Dor de cabeça, cabeça cansada/pesada
  • Vontade de urinar frequente (sem dor/ardor/cheiro, devido à compressão da bexiga)
  • Contrações de treino Braxton-Hicks
  • Dificuldade em dormir (não por insónia, mas por ser complicado achar uma posição confortável)
Gravidez 34 semanas

Em termos nutricionais é muito importante que continue a tratar de si! É nesta fase que o bebé mais cresce e engorda (literalmente!), por isso tem de lhe dar as calorias (saudáveis) de que ele necessita. Contudo, devido às dificuldades antes referidas pode ser difícil “comer bem”. Pode-lhe parecer que come muito pouco, porque de facto quanto mais enche o estômago, maior a sensação de falta de ar e desconforto. Opte por fazer pequenas refeições de 2 em 2 horas, evitando líquidos à refeição. Em vez disso fracione a água ao longo do dia, não se esqueça que esta é fundamental para o líquido amniótico! Nesta fase, aumente o consumo de alimentos de fácil digestibilidade, como frutas frescas (3 a 4 porções/dia) e de iogurtes/queijos magros. O consumo de farináceos como pão, cereais, bolachas/ bolos deve ser controlado, pois são muito fermentativos e vão aumentar a sensação de “estômago cheio”, azia e a flatulência (gases).

É normal que se sinta mais pesada, com menor mobilidade, mais cansada e sem paciência para o marido 😉 Aguente firme, está quase! Vá preparando as “coisinhas” do seu bebé com todo o amor e carinho. Recomenda-se que a partir das 32 semanas tenha “a mala feita”. Na realidade são “as malas”, a sua e a do bebé. Elas irão consigo (ou com o seu companheiro) para o hospital e a todas as consultas a partir de agora (nunca se sabe!). Cada hospital tem os seus “requisitos”, mas podemos generalizar nas famosas “listas“.  O 8º mês é ideal para preparar o quartinho, organizar as roupas, montar o carrinho e testar o “ovo” no carro, escolher os produtos de higiene que irá utilizar e, se ainda não o fez, terminar o curso de preparação para o parto. Respire fundo e continue! Estamos quase, quase no fim!

Volto em breve para o 9º mês, espere por mim! 😉