Casos de sucesso – como?

Como vai caro leitor?

Hoje fazemos uma publicação sobre Sucesso! A palavra já é animadora! Segundo o dicionário português significa “Êxito; consequência positiva; acontecimento favorável; resultado feliz”. Em nutrição para ser considerado um caso de sucesso determinou-se que deve:

SUCESSO

Manter o resultado objetivo (ex. emagrecer/ controlar diabetes/ aumentar a massa muscular) por 1 ano ou mais.


Ou seja, não é o tempo que demora a atingir o resultado, mas sim o tempo passado desde que o atingiu.

O que nos interessa enquanto nutricionistas no Diário de uma Dietista é obter “este sucesso”, combatendo as desistências e as dietas temporárias.

Se fosse questionado sobre os principais fatores determinantes de sucesso em nutrição diria automaticamente: “a dieta” ou “o plano alimentar”. Quer isto dizer que atribuímos o NOSSO sucesso a um fator externo, não a nós próprios. Poderia ainda ocorrer-lhe “a nutricionista”, “a medicação/suplementação” ou “o exercício”. Sim. Todos são fatores importantes mas não determinantes! Atualmente sabemos que os fatores que determinam o sucesso na mudança de comportamentos, sejam hábitos alimentares / tabágicos/ de treino ou outro são fatores internos/intrínsecos!


 

O que é que isto significa?

Significa que por melhor ou pior que seja o plano alimentar, o nutricionista, a suplementação, o treino… estes fatores só irão contribuir para o sucesso se depender de SI! Sim, de si, da sua MENTE.

Como referimos antes, para tornar um comportamento em hábito demora-se cerca de 12 semanas (3 meses).

Os estudos parecem ser unânimes demonstrando que independentemente do método ou da “dieta”, existem resultados positivos até aos 6 meses e, a partir daí, há uma recuperação de peso perdido (figura 1). Portanto, não o método que determina o sucesso, mas sim fatores individuais.


Quais são os principais determinantes de sucesso em nutrição?

Pois bem, não há dúvida que estes são fatores intrínsecos, que dependem da própria pessoa. Por mais eficaz que seja “a dieta” ou o método utilizado, se não desenvolver estes determinantes (naturalmente ou trabalhando-os), dificilmente escapará ao efeito Rebound ou iô-iô.

Pessoas com maior auto-estima têm maior probabilidade de ter sucesso num programa de emagrecimento. Um foco excessivo na Imagem Corporal parece ser um fator desmotivador para cumprir um plano alimentar a longo prazo.  A insatisfação leva a crenças negativas como “não estou bem, não me sinto bem, ainda não é suficiente, nunca vou estar como desejo”. Por outro lado, centrar a expectativa de que irá melhorar a auto-estima após emagrecer também é errada, já que nem sempre isso acontece, pois o peso não é factor único.

Baixa auto-estima por causa do peso: o que fazer?

  • Análise: A sua baixa auto-estima vem apenas do incómodo com o peso ou há também outros fatores?
  • Crenças negativas: Quais são as suas crenças negativas? Faça uma lista e procure factos que as sustentem.
  • Você não é só o seu corpo: O corpo é importante, mas não deve reduzir a sua vida apenas à imagem.
  • Aprenda a gostar do seu corpo: Pode ter algum peso a mais, mas certamente há coisas que gosta em si: os olhos, a pele, o cabelo, as pernas… destaque-as no seu dia-a-dia.
  • Procure um psicólogo:  Se a sua auto-estima está a prejudicar o seu desempenho e  as suas experiências de vida (ex. deixou de ir à praia), ou se está associada a um quadro depressivo, vale a pena procurar um psicólogo.

A auto-eficácia define-se como a confiança na capacidade pessoal para organizar e executar certas ações. Essa crença é muito importante, uma vez que influencia as escolhas dos cursos de ação que são realizados, quanto esforço empenhará nos seus objetivos, por quanto tempo irá persistir face a obstáculos e fracassos, a sua resiliência à adversidade, os padrões de pensamento de auto-impedimento ou de auto-suporte, o nível de stress e de depressão com obstáculos vivenciados  e, por fim, o nível de realização que alcança.

Significa isto que se acreditar que pode obter os resultados desejados por meio das suas ações, como por exemplo, um desempenho adequado, irá ter um maior incentivo para cumprir e manter o plano alimentar. Deste modo, reforça-se a noção de que as pessoas envolvem-se mais nas atividades que acreditam ser capazes de executar e nas quais antevêem resultados positivos. Portanto, quanto mais acreditar ser capaz de atingir certo resultado, mais provável é que o consiga.

As estratégias de coping são mecanismos cognitivos e comportamentais utilizados pelas pessoas para fazer face a situações, internas e/ou externas, que são percebidas como excedendo a capacidade de utilização dos recursos pessoais disponíveis e aprendidos ao longo da vida.

Funcionalmente, as estratégias de coping podem estar focadas no problema (Ex. Mudar os hábitos para que seja possível o emagrecimento, por exemplo), ou na emoção (Ex. O que fazer com os sentimentos adversos diante da obesidade, por exemplo).

De facto, estratégias de coping centradas na resolução do problema relacionam-se com o sucesso e a adoção de hábitos alimentares saudáveis, independentemente do índice de massa corporal (ex. fazer exercício). Já as centradas na emoção e suporte social relacionam-se com o stress, com o comportamento compulsivo e com a desistência (Ex. descontrolo emocional sobre a própria alimentação, sedentarismo, passividade).

Ler mais em: Obesidade e estratégias de enfrentamento: o quê destaca a literatura?

Os estudos são unânimes: um maior índice de depressão e  de ansiedade iniciais relaciona-se com uma menor adesão em intervenções nutricionais e comportamentais. Isto porque, a depressão ou sintomas depressivos estão associados a um comportamento alimentar com padrão restritivo/ compulsivo, que por sua vez predispõe a sentimentos de culpa, frustração e desmotivação, com consequente abandono do tratamento.

Sendo a ansiedade e a depressão fatores major de desistência, aconselha-se o tratamento prévio ou concomitante com o acompanhamento nutricional. O tratamento pode ser médico e/ ou psicológico.

Ler mais em: Análise de influências em dietas de emagrecimento

Não basta querer muito! Há que “fazer por acontecer” e persistir perante as adversidades.

A motivação pode ser intrínseca ou extrínseca.

motivação intrínseca – também conhecida como motivação interna – está relacionada com a força interior, capaz de se manter ativa mesmo diante da adversidade. Este tipo de motivação é independente do ambiente, das situações e das mudanças, estando relacionada aos interesses individuais e que podem ser alterados apenas por escolha da pessoa. Geralmente, a

Motivation concept. Chart with keywords and icons

motivação interna está associada a metas, objetivos e projetos pessoais que estimulam o indivíduo a agir.

Eu quero mudar o meu estilo de vida e para isso vou procurar ajuda profissional.

motivação extrínseca – também conhecida como motivação externa – está relacionada com o ambiente, às situações e aos fatores externos. Um bom exemplo é o suporte social, da família ou dos amigos. Este tipo de motivação é uma maneira de ajudar a pessoa a manter-se comprometida. Isso significa que se esta fonte externa falhar, facilmente há desmotivação e abandono. Por exemplo, um paciente que vem à consulta com um amigo, se este deixar o tratamento e se a sua motivação advir apenas da presença do colega, então a sua desistência será eminente.

A persistência, a auto-motivação ou motivação interna e a auto-determinação são essenciais ao sucesso.

As expectativas com que se avança para um tratamento ou processo de mudança são um factor decisivo de sucesso. Caso o paciente esteja demasiado centrado no peso, nos resultados, nos números e o processo não decorra de acordo com esse objetivo, é muito provável que a desistência aconteça em pouco tempo, ou que após atingir o resultado pretendido, “deixe de ter o desafio do objetivo” e abandone os hábitos aprendidos.

O sucesso, em nutrição, dependo do tempo. Na realidade, é necessário um acompanhamento próximo para moldar o comportamento, sendo que a excessiva valorização dos “números” desfocam-nos da verdadeira mudança: a da mente.

Leia também: A perda de peso ao longo do tempo

Em conclusão…

Se o questionássemos sobre fatores de sucesso em nutrição diria com certeza “a dieta”, “a nutricionista”, “o treino”, “a idade”, “ser homem”, “nunca ter feito dieta”. Sim estes fatores têm importância, mas não são decisivos.

Por que razão uma pessoa que vai a uma consulta de nutrição pela primeira vez parece ter sempre mais sucesso? Não por ser a primeira vez, como poderia pensar. Mas sim por fatores psicológicos, nomeadamente, está mais motivada, está mais confiante no seu desempenho, tem menores índices de frustração e por isso adere mais ao plano, fazendo menos “erros alimentares”. Por sua vez, pacientes reincidentes têm altos níveis de frustração, pensamentos negativos e de boicote, menor auto-confiança e determinação. Sabe-se que o número de tentativas prévias correlaciona-se com o sucesso/desistência. Uma pessoa que já fez “várias tentativas” seja de “dieta”, de treino, de cessação tabágica ou outra mudança comportamental, mais facilmente desiste.

Não desista de si. Mais do que uma mudança física, a nutrição exige uma mudança da mente. Procure profissionais (nutricionista, médico, psicólogo, treinador) que o ajudem e motivem neste processo.

Sugerimos por fim a visita aos nossos Testemunhos de Sucesso, para que se inspire e trate de si, como estas pessoas fizeram.